
Durante a apresentação do projeto “Rentabilidade no Meio Rural em Mato Grosso”, realizada em Cuiabá, capital do Estado. Foram apresentados os resultados econômicos de duas Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs), áreas demonstrativas que estão localizadas em propriedades rurais onde, atualmente, são conduzidos sistemas de produção de Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) em que são realizados trabalhos de pesquisa e validação de tecnologia.
O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Júlio Reis apresentou o estudo realizado na Fazenda Bacaeri, localizada em Alto Floresta, que integra pecuária e floresta. E o analista de Custo de Produção do Imea, Miquéias Michetti, apresentou a análise feita na fazenda Gamada, que fica em Nova Canaã do Norte e tem os três componentes da integração, lavoura, pecuária e floresta.
A fazenda Bacaeri trabalha há cerca de 30 anos com a silvicultura de teca. Na década de 1990, buscando diversificar a produção, o proprietário, Antônio Passos, também passou a criar gado de corte. Alguns anos depois, ele percebeu que poderia aproveitar melhor a área da fazenda juntando na mesma área as duas atividades. Foi assim que começou a testar o sistema silvipastoril.
Como na época havia pouca informação sobre a integração entre pecuária e floresta, ele começou a fazer testes com diferentes espaçamentos. Hoje, trabalha com linhas simples de teca, com distância de 20m, 17m ou 15m entre elas.
Nos espaçamentos maiores, a distância entre as árvores nas linhas é menor, o que faz com que a população média de toda a área integrada seja de 200 árvores por hectare. Os espaçamentos utilizados no plantio em ILPF são 20mx2,5m, 20mx3m, 17mx3m, 17mx3,5m e 15mx4m.
Atualmente quem cuida da fazenda é o filho do proprietário, Fernando Passos. De acordo com ele a Bacaeri conta com 1.200 hectares de teca em plantio exclusivo e 600 hectares em sistema silvipastoril. A cada ano a área em integração é ampliada de 50 a 100 hectares.
Ele explica que a decisão de integrar a silvicultura com a pecuária partiu da tentativa de minimizar o tempo em que a terra fica sem gerar lucro. Enquanto o manejo da teca só é feito com 15 a 25 anos, a pecuária poderia gerar receita já a partir de três ou quatro anos.
Além do retorno financeiro mais imediato e da diversificação de receitas, Fernando Passos vê outras vantagens no sistema silvipastoril.
Desde 2010 a fazenda Bacaeri passou a ser uma das Unidades de Referência Tecnológica e Econômica acompanhadas pela Embrapa em Mato Grossso. O local é utilizado em atividades de transferência de tecnologia, como visitas técnicas e dias de campo, e também é um campo de coleta de dados para pesquisas sobre viabilidade econômica de sistemas ILPF.
Culturas solteiras
Os resultados dos painéis de Custo de Produção das principais culturas de Mato Grosso, realizados pelo Imea durante 2016, também fizeram parte das apresentações.
Foram realizados 30 painéis em todas as regiões de Mato Grosso. As equipes percorreram mais de 10 mil quilômetros e levantaram os custos de produção da soja, do milho, do algodão e da bovinocultura de corte e de leite.
Dentre os fatores determinantes do custo de produção e da rentabilidade das safras 2015/2016 de soja e milho foi a alta do dólar. “A gente teve um aumento de custo considerável nessas duas culturas porque a compra dos principais insumos acompanham o valor do dólar. Em contrapartida, a alta do dólar também influenciou na rentabilidade uma vez que a comercialização da produção também é atrelada ao dólar”, explica o gestor de Projetos do Imea, Paulo Ozaki.
Fonte: Redação/Nativa News