Olá, colegas do setor florestal e afins
Seguimos em nosso caminho de discussão do ambiente organizacional de uma empresa do setor florestal.
Em nosso último texto, você pode ler aqui, comentamos o quanto a estrutura de uma empresa precisa refletir seus objetivos. Agora, avaliaremos como uma empresa equilibrada, do ponto de vista de sua estrutura, pode resultar em um ambiente onde as pessoas se sentem confortáveis e dispostas a crescerem juntas.
Note, saímos da preocupação com os resultados para um viés qualitativo, onde o clima e o ambiente organizacional é o que importam.
No fim, estamos falando de estratégia, que é como um elefante: dependendo do ângulo, teremos diferentes conclusões e discussões.
E por que estou levantando essa discussão? Certo dia desses, encontrei um colega aqui do setor e perguntei sobre a empresa de grande porte que ele trabalha. Ele disse: “tudo bem, a empresa é boa, mas é muito desorganizada”. Muitos de vocês interpretarão essa resposta como comum.
Esse tipo de sentimento é algo que misteriosamente carregamos. As desorganizações e a falta de objetivos claros têm o poder de gerar insegurança. Quero salientar que isso tende a ser, cada vez mais um problema no setor florestal. Onde não consigo ver abundância em pessoas qualificadas e dispostas a trabalhar no setor.
Foi-se o tempo em que o funcionário se amarrava na empresa e ali ficava por 20 anos. A pessoa começava como auxiliar de silvicultura, em uns 10 anos era supervisor e mais uns 5 anos gerente de setor.
Atualmente, existe a dificuldade de se encontrar boas pessoas que queiram trabalhar no ambiente rural. Isso não é só exclusividade dos funcionários de nível operacional.
Aconteceu comigo, contratei um funcionário, engenheiro florestal recém-formado, que deveria dirigir boa parte do tempo entre fazendas. Ele era ótimo, daria conta do serviço, mas em duas semanas ele não se sentiu confortável com a atividade em rodar pelo campo e pediu para sair.
Apenas para destacar a problemática, os cursos de engenharia florestal estão ficando sem alunos. Por exemplo, a engenharia florestal da Universidade Federal do Paraná, um dos cursos mais prestigiados do Brasil, teve concorrência de 1,4 alunos por vaga em 2023. Existem universidades que não conseguem preencher os candidatos mínimos nos vestibulares e estão ofertando as vagas sem seleção alguma, o que tende a prejudicar a qualidade dos profissionais que estão por vir.
O meu ponto é: Empresas florestais precisam manter e zelar pelos bons funcionários. O turnover e o absenteísmo podem ser muito danosos às empresas e eles esses diretamente correlacionados com o clima organizacional.
Por outro lado, existem aspectos não tão simples de se avaliar, como o turnover. A produtividade e o desempenho dos funcionários também são afetados quando não existir um bom clima.
De modo geral, os gestores florestais precisarão se atentar para seu ambiente e criar uma organização interna que favoreça desejo de permanecer nessa empresa.
Independente se a empresa tem alguns desses problemas, um passo importante pode ser a realização de uma pesquisa de clima. Contudo, nenhuma ferramenta será eficaz se as lideranças não estiverem de fato comprometidas com a melhoria, se não encararem como uma prioridade a construção de uma empresa onde as pessoas gostam de trabalhar.
Veja, melhorar o clima de uma empresa não é transformá-la numa startup e colocar uma mesa de sinuca no meio. É preciso respeitar a cultura da empresa, o perfil das pessoas que ali estão. Valorizar a história de vida da empresa.
Quando penso em um ambiente com bom clima organizacional eu diretamente associo com um lugar onde os funcionários sentem-se confiantes, ou seja, têm a possibilidade de errar e, consequentemente, inovar. Bem como, um ambiente organizacional que transmita a perspectiva para cada indivíduo, por mais que não seja agradável.
Para isso, a cultura de feedbacks e um plano de carreira bem estruturado são importantes, ou seja, ações que os recursos humanos, conectados com as gerências operacionais, devem tomar.
Por outro lado, uma estrutura organizacional coerente, onde os cargos têm lógica, as hierarquias são justificadas, devem contribuir para que as pessoas trabalhando ali tenham um sentimento de justiça. Em outras palavras, que os funcionários sintam equilíbrio, que não carregam o piano sozinhos, que se cumprirem seus objetivos elas terão reconhecimento e não somente sobrecarga.
A criação de um clima organizacional positivo sempre foi uma opção para empresas do setor
Mario Coso – Engenheiro Florestal e Mestre em Administração.
Partner – ESG Tech Consulting
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