O consultor de transportes e logística Eric Derbyshire, da RGF & Associados, mostra os principais pontos de atenção desse cenário e as premissas sob as quais devem ser estruturados esses projetos, e afirma que essa agenda é sem volta, então quem começar a implementá-la agora terá uma vantagem competitiva considerável no futuro próximo.
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O cenário empresarial brasileiro está passando por uma transformação significativa devido à crescente importância das práticas e dos princípios ambientais, sociais e de governança (ESG em inglês).
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No setor de logística, cujas operações impactam diretamente o meio ambiente e a comunidade, as práticas sustentáveis e socialmente responsáveis tornam-se imperativas e, portanto, pautas que devem ser discutidas o quanto antes para adequar esse setor a essa nova realidade e à nova conformidade de atuação corporativa.
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Mas, antes mesmo de discutir os princípios e a importância das práticas ESG, há uma questão pouco mencionada que trata do modo de implementação dessas práticas.
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Você se encontra numa posição privilegiada. Como consultor que tem implementado projetos com esse escopo, quais são as premissas necessárias antes da implementação desse tipo de projeto?
A implementação e a adaptação das práticas ESG hoje são incorporadas da governança. Nesse contexto é que surge a discussão sobre as práticas ESG. Hoje, nossos projetos de reestruturação contemplam a introdução a essas práticas.
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Em termos práticos, uma das primeiras medidas trata da montagem dos conselhos, da estrutura organizacional e dos comitês de auditoria que voltarão os olhos para esses e outros temas, que darão sustentabilidade à companhia. Não se pode deixar o dono tocar sozinho todos esses processos, ele precisa de ajuda! Quando montamos os conselhos ou comitês, mais de uma pessoa ajuda com as ideias e boas práticas, além de terem tempo, concentração e dedicação para abordarem temas mais estratégicos uma vez que não estarão sendo consumidas pelo nervosismo do dia a dia das operações.
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MEIO AMBIENTE
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Na questão ambiental, quais devem ser os principais focos de atuação? Quais são as medidas mais importantes que podem ser tomadas em curto, médio e longo prazos?
Sem dúvida nenhuma, a principal medida é acompanhar a transformação energética que o mundo está vivendo. Nesse contexto, as frotas à base de energia renovável e com mais autonomia são fundamentais, porém o maior desafio é adequar os veículos — não é fácil, não é rápido e não é barato. Algumas dessas energias também ainda são muito caras de serem geradas, armazenadas e transportadas até o consumidor final.
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Por outro lado, o governo deveria estar mais atento ao tema e estimular as adequações e transformações para a energia limpa. Dois bons exemplos são a redução ou isenção de IPVA e a abertura de linhas mais baratas de financiamento para veículos com este perfil.
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E quanto à redução de resíduos? Como é possível melhorar o que se faz hoje? O mesmo vale para a reciclagem?
Esse é outro grande desafio, principalmente em relação ao descarte das baterias elétricas ao final da vida útil.
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Como adequar a cadeia produtiva a essas medidas?
Com incentivos do governo, novas leis e conscientização das pessoas e empresas.
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Há vantagem em liderar essas ações?
Deveriam, sim, ser beneficiados, e os exemplos, seguidos.
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Frota própria é a solução?
Não. Isso deve valer para todas as empresas e veículos, independentemente se é frota própria ou terceirizada.
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Algo mais a dizer?
A transformação energética é um caminho sem volta. A grande questão agora é como barateá-la e passar a ser técnica e economicamente mais vantajosa.
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SOCIAL
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Agora sobre a questão social, quais medidas podem ser tomadas pelas empresas?
Maior diversidade entre os empregados, principalmente em relação a raça, gênero, idade, classe social e necessidades especiais.
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É preciso incentivar a diversidade e a inclusão no ambiente de trabalho?
Sim. A inclusão de todos é muito importante para um país com menos desigualdades.
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E sobre treinamento e capacitação? Há algo a melhorar? Programas de treinamento que promovam desenvolvimento profissional e pessoal são necessários? Como implementá-los?
Já existem medidas adotadas por muitas empresas que atendem a essas necessidades. Claro que, com o mundo mais digital e trabalhos híbridos, algumas adaptações são necessárias, porém o maior desafio hoje para as empresas é manter a taxa de turnover baixa, pois perder seus talentos pode custar mais caro do que investir em treinamentos e qualificação.
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Há algo que queira acrescentar?
Ações voltadas à comunidade local, junto com parcerias público-privadas que fomentem a geração de empregos e melhorias na educação, devem ser cada vez mais incentivadas e fiscalizadas pelo governo.
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GOVERNANÇA
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Por fim, a governança. O que pode ser feito ou introduzido?
Ao integrar princípios de governança com práticas sustentáveis, as empresas podem não apenas reduzir seus impactos ambientais e sociais, mas também fortalecer sua resiliência, sua reputação e sua posição competitiva no longo prazo.
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Isso seria transparência das informações? De que forma? Relatórios regulares sobre o desempenho ESG? Conduta ética? Como explicitar esse ponto?
Ética e transparência são apenas dois exemplos essenciais para construir uma base sólida de governança que promova a confiança, a sustentabilidade e o sucesso de uma organização no longo prazo.
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O que mais você tem para apontar?
A governança corporativa é essencial para estabelecer a base de uma gestão empresarial sólida e ética. Ela cria um ambiente propício para o crescimento sustentável, a criação de valor e a confiança de todas as partes interessadas.
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By Angelo Raposo | RGF Associados
Imagem: Divulgação
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