
Quando plantamos Pinus ou Eucalyptus – os mais plantados, ou até outros gêneros, com objetivo de obtermos madeira para produtos sólidos, os mesmos devem sofrer manejo e, consequentemente, o primeiro desbaste. Não temos o propósito de discutir manejo como um todo neste momento, mas a ideia é analisarmos o primeiro desbaste, que é sempre o grande entrave para o manejo em geral.
Tudo porque a economia dessa atividade é quase nula ou negativa, conforme o caso. Mas está surgindo uma luz no fim do túnel. Finalmente, máquinas adequadas para a tarefa passam a ser produzidas no Brasil ou estão sendo introduzidas. Essas máquinas podem tornar o primeiro desbaste, não uma grande rentabilidade, mas, pelo menos, maior do que zero.
É indispensável dizer que em lugar algum do mundo o primeiro desbaste de qualquer gênero é sinônimo de altos ganhos, sequer de ganho muitas vezes. Isto porque, todo mundo sabe, madeira fina tem valor baixo e pronto.
Em nosso país, o problema é agravado pelo alto custo trabalhista e pelo modelo de colheita, que usa mão de obra intensa na derrubada e traçamento. Trabalhando com volumes individuais (VMI) baixos a produtividade também é baixa e o custo obviamente alto. Um motoserrista, que trabalhe com VMI igual a 0,13m³, tem um rendimento de 2.84m³/h. Considerando que seu salário (com encargos e equipamento de segurança) gira em torno de R$ 20,00/h, teremos um custo de R$6,40/m³. Um auto-carregável para baldeio desta madeira custará mais ou menos R$ 70,00/h, com uma produtividade média de 13 m³/h, ou sejam R$ 5,38/h. Vamos destacar que estamos falando de custos diretos; não estão computados administração, impostos e lucros. No caso de máquinas mais modernas (Harvester/Forwarder), apenas pegando um exemplo recente, onde tivemos uma produtividade de 12m³/h para ambas e um custo de aquisição de R$ 1,5 milhões, teríamos os custos assim apreciados:
Custo/h do conjunto: R$ 270,00
Produção: 12m³/h Custo/ m³ 25,00 Comparando os sistemas teremos: Mecanizado: R$ 25,00/m³ Volume mensal estimado: 2.400m³ |
Para o mesmo volume, o sistema semi-mecanizado terá que usar 4,5 homens, o que faz com que o m³ chegue a 4,5 x R$ 6,40 = 28,80 que somados aos R$ 5,38/m³ do auto-carregável, ficam R$ 34,18.
Claro que os números mostrados aqui merecem discussão e são aplicáveis caso a caso, porém mostram uma tendência interessante.
As máquinas próprias para desbaste sempre estiveram distantes do Brasil, por vários motivos. O que importa é que elas estão chegando para ajudar a viabilizar o manejo de pequenas propriedades que, só assim, auferirão bons lucros com a atividade de silvicultura.
Por Manoel Francisco Moreira
Consultor florestal
Artigo desenvolvido exclusivamente para o impresso e portal Madeira Total. Proibida reprodução sem autorização.