Gastos com transporte de carga consomem 13% do PIB brasileiro, enquanto países desenvolvidos destinam em média 7% do PIB a despesas logísticas
O Brasil enfrenta um grave déficit de investimentos em infraestrutura logística, o que compromete diretamente a competitividade da economia e impacta o consumidor final. Dados do Acórdão 2000/2024, do Tribunal de Contas da União (TCU), revelam que o Brasil aplica proporcionalmente menos da metade do valor destinado por nações de renda média no setor, resultando em um sistema defasado, com altos custos operacionais, ineficiência no transporte de mercadorias e dificuldades na integração dos diferentes modais logísticos.
Os gastos com transporte de carga consomem 13% do PIB brasileiro, mais que o dobro da média de 7% registrada em países desenvolvidos. De acordo com uma análise da empresa de logística MTM Logix, se o Brasil conseguisse reduzir em apenas 10% o custo de transporte, as exportações poderiam crescer em mais de 30%. Esse cenário impacta diretamente os preços dos produtos, uma vez que as despesas adicionais com transporte e armazenamento são repassadas para os consumidores.
“A dependência excessiva do transporte rodoviário, que responde por cerca de 65% da matriz logística brasileira, agrava ainda mais a situação. As rodovias em más condições aumentam o tempo de deslocamento, elevam o consumo de combustível e geram um alto índice de avarias nas cargas transportadas. Como resultado, o país perde competitividade no comércio internacional e reduz sua capacidade de crescimento econômico sustentável”, afirma Mario Veraldo, especialista em logística e CEO da MTM Logix.
Gargalos nos portos e ferrovias
Além das dificuldades enfrentadas nas rodovias, o relatório da MTM Logix também aponta desafios estruturais nos portos e ferrovias. O setor portuário sofre com congestionamentos, falta de contêineres, demora nos processos burocráticos e baixa capacidade operacional, o que afeta diretamente o escoamento da produção agrícola e industrial. Já as ferrovias, que poderiam ser uma alternativa eficiente e de menor custo para o transporte de cargas de longa distância, mas ainda têm uma malha restrita e carecem de investimentos para expansão e modernização. Mais de 36% da malha ferroviária nacional está ociosa, enquanto apenas 12,6% opera em alta capacidade.
Um exemplo recente ocorreu no setor do café, em março deste ano. Os elevados índices de atrasos e alterações regulares nas escalas dos navios para exportação de café, além de rolagens de cargas constantes, fizeram com que o país acumulasse 638 mil sacas de 60 kg (2.037 contêineres) não embarcadas nos portos, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O Prejuízo dos exportadores com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates foi de R$ 8,9 milhões no mês passado.
A falta de intermodalidade é outro entrave relevante. Para Veraldo, a integração entre diferentes modais – rodoviário, ferroviário e hidroviário – ainda é incipiente no Brasil, tornando o transporte mais caro e menos eficiente. “Isso limita o potencial de setores estratégicos, como o agronegócio e a indústria, que dependem de uma logística eficiente para escoar sua produção com competitividade”, afirma o especialista.
Impactos para o consumidor
Os problemas logísticos não afetam apenas as empresas e a economia do país, mas também a população. O alto custo do transporte e os atrasos na entrega de mercadorias aumentam o preço dos produtos finais, encarecendo diversos produtos no Brasil, desde alimentos até bens de consumo duráveis. Produtos perecíveis, como frutas e verduras, são ainda mais impactados, pois as más condições do transporte resultam em perdas e desperdícios ao longo da cadeia de abastecimento.
“A ineficiência logística afeta diretamente o abastecimento de diferentes regiões do país, gerando desigualdades na oferta de produtos e aumentando os preços em localidades mais distantes dos grandes centros de distribuição. Esse problema reforça a necessidade urgente de investimentos estruturais que modernizem o setor e tornem a logística nacional mais eficiente e competitiva. Para se ter uma noção, só frete, por exemplo, representa cerca de 15% do valor final das mercadorias”, afirma Veraldo.
Caminhos para a solução
Para superar esses desafios, a MTM Logix sugere medidas como o aumento dos investimentos públicos e privados na modernização da infraestrutura de transporte e portos, o estímulo a Parcerias Público-Privadas (PPPs) e a ampliação da malha ferroviária e hidroviária para reduzir a dependência do modal rodoviário.
Além disso, a desburocratização dos processos de importação e exportação nos portos, a digitalização dos sistemas logísticos e a melhoria da governança no setor são apontadas como estratégias essenciais para tornar a logística brasileira mais eficiente. Sem investimentos robustos e estratégias eficazes, o país continuará enfrentando dificuldades para crescer de forma sustentável, prejudicando a economia e onerando o consumidor.
“A implementação dessas medidas pode reduzir significativamente os custos logísticos e impulsionar a competitividade do Brasil no cenário global”, finaliza Veraldo.
Sobre MTM Logix
A MTM Logix é uma empresa 100% focada em torres de controle para embarques internacionais. Ela cria soluções totalmente personalizáveis, automatizadas e escaláveis para seus clientes. A empresa atende clientes no México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Brasil e Estados Unidos. A empresa combina tecnologia e atendimento ao consumidor de maneira incomparável para fornecer um nível único de controle às remessas de seus clientes.
By Global PR Consulting
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