O eucalipto é a madeira de lei mais cultivada no mundo com cerca de 30 milhões de hectares. No Brasil, em 2019, foram plantados 7,62 milhões de hectares, sendo a espécie Eucalyptus urophylla uma das mais cultivadas. Cientistas da Embrapa e da Esalq estudaram as evoluções adaptativas da espécie em relação ao consumo e armazenamento de água, testada nas mais diferentes regiões bioclimáticas do Brasil com bom desempenho em todas elas.
Por ser uma espécie com variação clinal, isto é, ocorre desde o nível do mar até 3 mil metros de altura, numa distancia geográfica muito curta, esta adaptação concede variabilidade suficiente para ocorrer desde de solos rasos e pobres até profundos e férteis. Também permite a espécie adaptar-se a uma ampla variação de temperatura e precipitação, características importantes porque permite adaptar-se a novos ambientes, como as novas fronteiras florestais do Brasil (Centro Oeste e Nordeste) e outros países. Além disso, mostra-se bastante preparada para as mudanças climáticas.
O pesquisador Laerte Scanavacca Júnior, da Embrapa Meio Ambiente, explica que essa espécie consegue extrair água em grandes profundidades, armazena água no caule, o que permite manter o mesmo ritmo de crescimento durante todo ano, independente das precipitações ou armazenamento de água nas camadas superfíciais do solo, e apresenta produtividade muito alta. “A alta produtividade em espécies florestais é uma característica bastante desejável porque permite maior lucratividade ao produtor, além de reduzir a área de reflorestamento”, diz o pesquisador.
Conforme Scanavacca, no Brasil, a área plantada com espécies exóticas como o eucalipto é cerca de um por cento do território, entretanto abastece mais de 40% de nossas necessidades de madeiras. Toda a produção de papel e celulose, MDP Medium Density Particleboard), OSB (Oriented Strand Board), MDF(Medium Density Fiberboard) e chapa de fibra (chapa dura) são fabricados com madeira de eucalipto ou pinus, diz o pesquisador.
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Benefícios
De acordo com José Nivaldo Garcia, da Esalq, foram avaliadas 21 progênies com três repetições em um experimento instalado em Anhembi, SP, uma das regiões bioclimáticas onde foram testadas. A alta variabilidade da espécie permite apresentar boa produtividade em qualquer tipo de solo ou clima, é fácil de propagar por semente ou estaca, produz bem na segunda rotação e é adequada para os mais diversos usos, características que lhe credenciam a ser uma das espécies mais plantadas no mundo.
“Buscamos verificar as estratégias adaptativas ao déficit hídrico do E. urophylla, que se molda aos mais diferentes ambientes climáticos, e por isso analisamos se a umidade do solo e da madeira acompanha as precipitações, se progênies de maior diâmetro apresentam maior porcentagem de água na madeira, se as áreas mais abertas apresentam maior percentual de água no solo e se a umidade do solo é o principal fator que determina a produtividade da progênie, ou seja, as mais diferentes estratégias adaptativas dos eucaliptos” diz Garcia.
O caule do eucalipto tem quatro funções básicas: transporte de água e nutrientes (xilema e floema); suporte mecânico da copa (celulose, hemicelulose e lignina); armazenamento de água e nutrientes (fibras 65%, vasos 17% e parênquima 18%); e prevenção do ataque de pragas e doenças (extrativos, 5 a 10%). A composição e proporção desses constituintes variam com a espécie e a idade da planta devido a influências genéticas e ambientais.
A porcentagem de extrativos e lignina aumenta com a idade, enquanto a proporção de holocelulose diminui. A proporção de vasos e parênquima (raios) aumenta e as fibras diminuem com a idade. A espessura da parede e a altura das fibras, vasos e raios aumentam da medula para a casca na direção radial ou com a idade da planta.
À medida que a árvore cresce, há camadas de células que são adicionadas ao cilindro ou cone existente, os tecidos mais novos seguem o crescimento apical da árvore, assim, as células formadas primeiro sobem da base para o topo, ou seja , os vasos mais antigos e finos ficam no ápice da árvore, enquanto os mais novos, de diâmetros maiores, ficam na base, é como se os vasos, assim como os raios e as fibras aumentassem seus diâmetros a partir do topo para base. Desta forma, os vasos mais estreitos, com o menor diâmetro dos lúmens, ficam nas partes mais altas das árvores, para poderem suportar maiores tensões no transporte de água.
Isso permite as árvores superarem a gravidade. A espécie E. regnans, por exemplo, tem 100m de altura e, para cada 10 m tem uma atmosfera de pressão, ou seja, é preciso muita engenharia e estratégia para crescer até esta altura.
A independência das precipitações e águas superficiais permitem ao E. urophylla uma das maiores plasticidades, adaptação aos mais variados ambientes, e produtividade entre os eucalipto, que é gênero mais plástico do mundo.
Veículo: Embrapa
Imagem: Laerte Scanavaca
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