Fitossanidade nas florestas plantadas de São Paulo

Um dos grandes desafios do setor florestal paulista, e do Brasil, para manter a produtividade, é o controle de pragas. O pesquisador Leonardo Rodrigues Barbosa, da Embrapa Florestas, explica que um inseto é considerado praga quando atinge uma densidade populacional tão alta que causa danos econômicos significativos à uma cultura. “Cada inseto que causa danos econômicos a uma determinada cultura é classificado como praga”, afirma.

Algumas são típicas de árvores cultivadas, como eucalipto e pinus, por exemplo. De acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Frederico Wilcken, professor de Entomologia Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – campus de Botucatu, e líder científico do PROTEF (Programa de Proteção Florestal), do IPEF, o monitoramento constante e o uso de técnicas de controle biológico são essenciais para conter o avanço desses organismos.

“As pragas florestais são, em sua maioria, insetos ou ácaros fitófagos, que se alimentam de folhas, troncos ou raízes das plantas. Quando esta população cresce descontroladamente, causa perda de crescimento, redução do volume de madeira e, consequentemente, prejuízo econômico”, explica o professor Wilcken.

O eucalipto, principal gênero de espécies florestais plantadas no Brasil, é, consequentemente, o que está mais exposto ao ataque de pragas. Além das chamadas pragas gerais — como formigas cortadeiras (saúvas e quenquéns) e cupins — que afetam qualquer tipo de plantio, o eucalipto sofre com espécies específicas, como as lagartas desfolhadoras, o Psilídeo de concha (Glycaspis brimblecombei), e o Percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus), estes dois originários da Austrália.

“O Psilídeo de concha, por exemplo, já ataca mais de 500 mil hectares por ano no Brasil, gerando perdas de produtividade que chegam a 15% nas áreas atingidas”, alerta Wilcken. Já o Percevejo bronzeado, presente no Brasil desde 2008, causou impactos severos até 2017, especialmente na região central do país, antes da estabilização de sua população com a introdução de inimigos naturais.

Outra praga relevante, segundo o professor, é o Besouro amarelo (Costalimaita ferrugínea), nativo do Brasil, que ataca mudas de eucalipto, em seus primeiros anos de desenvolvimento e tem apresentado crescimento preocupante nos últimos anos.

No caso do pinus, a praga mais conhecida é a Vespa-da-madeira (Sirex noctilio), que está sob controle graças ao uso consolidado de um nematoide parasita, utilizado desde o final dos anos 1980. Contudo, novas ameaças vêm surgindo. “Recentemente identificamos a Sirex obesus, uma vespa que ataca pinus tropicais voltados para a produção de resina, e que ainda está em fase de estudo para desenvolvimento de controle biológico”, afirma Wilcken.

“A base do sucesso no combate a essas pragas está na integração de estratégias e no investimento em pesquisa. A proteção fitossanitária das florestas plantadas é fundamental para garantir a produtividade e a sustentabilidade do setor florestal brasileiro”, conclui o professor Wilcken.

De acordo com o pesquisador Leonardo Barbosa, da Embrapa Florestas, o combate às pragas é um desafio, dado que elas são diversas e sua identificação nem sempre é simples, tornando o manejo das florestas uma tarefa complexa. A compreensão e o monitoramento contínuo dessas pragas são importantes para garantir a saúde e a produtividade das plantações florestais. “Quando uma praga já está em surto, é difícil reverter a situação”, afirma Barbosa.

O controle biológico tem se mostrado uma alternativa promissora, especialmente para evitar surtos. Empresas do setor florestal, tanto as que trabalham com plantios de eucalipto quanto de pinus, têm investido no controle biológico, com programas de sucesso no Brasil.

A engenheira florestal e diretora-executiva da Florestar São Paulo (Associação Paulista de Produtores, Fornecedores e Consumidores de Florestas Plantadas), Fernanda Abilio, lembra que as empresas florestais que fazem parte da associação são extremamente organizadas e levam à risca os programadas de prevenção e controle das pragas. Ela alerta, porém, que a responsabilidade é de todos os silvicultores, desde o pequeno produtor até as grandes empresas. “Para que tenhamos um controle fitossanitário efetivo e seguro é preciso que todos façam a sua parte”, afirma.

 

By Florestar
Foto: Divulgação/Eucatex

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Chico Moreira

Consultor e engenheiro florestal.

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Mario Coso

Engenheiro Florestal e Mestre em Administração. Partner na ESG Tech Consulting.