“A intensificação das tarifas entre EUA e China abre espaço para o Brasil ampliar sua participação no mercado chinês”
Em 2024, o agronegócio brasileiro movimentou US$ 152,63 bilhões em exportações, representando 48,9% do total das exportações do país. Esse valor foi o segundo maior da série histórica. Com o retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, reacendem-se as discussões sobre a guerra comercial entre os EUA e a China, o que pode trazer impactos significativos para o agronegócio brasileiro. Recentemente, o governo Trump impôs tarifas adicionais de até 145% sobre produtos chineses, incluindo commodities agrícolas. Em resposta, a China aplicou tarifas de até 125% sobre produtos agropecuários norte-americanos, como soja, milho e carnes. Essa escalada tarifária tem levado a China a buscar fornecedores alternativos, beneficiando países como o Brasil. Segundo Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, “A intensificação das tarifas entre EUA e China abre espaço para o Brasil ampliar sua participação no mercado chinês, especialmente em commodities como soja e carnes, consolidando-se como fornecedor estratégico em meio às tensões comerciais globais.”
Durante o primeiro mandato de Trump, em 2018, os EUA impuseram tarifas de 25% sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses, levando a China a retaliar com tarifas sobre produtos agrícolas americanos, como a soja. Esse contexto beneficiou o Brasil, que aumentou suas exportações de soja para a China em 35% no mesmo ano, atingindo volumes recordes de 83 milhões de toneladas. A participação da China nas importações de soja brasileira aumentou significativamente, passando de 46% em 2016 para 76% em 2024. Recentemente, a China declarou que pode substituir os grãos dos Estados Unidos por oleaginosas da América do Sul, especialmente do Brasil. As importações chinesas de soja brasileira devem ultrapassar 30 milhões de toneladas entre abril e junho de 2025, estabelecendo um recorde para o trimestre.
“A substituição da soja americana pela brasileira reforça a posição estratégica do Brasil no comércio global de commodities. A crescente demanda chinesa por nossos produtos agrícolas é uma oportunidade para consolidarmos nossa liderança no setor”, afirma Felipe Vasconcellos. Além da soja, o Brasil exportou 2,89 milhões de toneladas de carne bovina em 2024, gerando receitas de US$ 12,8 bilhões, com destaque para a China, que representou US$ 6 bilhões desse total. Com a intensificação da disputa entre EUA e China, o Brasil pode transformar riscos em oportunidades, consolidando-se como um dos principais players no cenário agrícola global.
“É essencial que o Brasil amplie sua base de parceiros comerciais. O acordo entre União Europeia e Mercosul é um passo importante, mas o trabalho deve continuar, especialmente com mercados emergentes como a Índia, que têm demonstrado grande potencial de crescimento”, acrescenta Vasconcellos. No entanto, os desafios também são significativos. A desaceleração econômica da China, combinada com a queda nos preços de commodities como o minério de ferro, pode gerar pressões de curto prazo. Ainda assim, o agronegócio brasileiro tem espaço para diversificar sua atuação global e mitigar impactos adversos, desde que conte com uma estratégia de diplomacia comercial bem estruturada.
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