Técnicos e dirigentes do órgão lideraram, na última tarde do evento, uma verdadeira maratona, incluindo temas como pesquisa de produtos florestais, cadastro de florestas e concessão e monitoramento florestal
No último dia de atividades do 25o. Congresso Mundial da Iufro (União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal, na sigla em inglês), o Serviço Florestal Brasileiro realizou uma blitzen de apresentações-relâmpago, os chamados mini-talks, em que são apresentados trabalhos, produtos ou atividades em apenas 20 minutos, cada.
A tarde teve início com José Humberto Chaves, gerente de Monitoramento e Auditoria Florestal, que falou sobre as metodologias desenvolvidas pelo Serviço Florestal Brasileiro para o acompanhamento dos contratos de concessão florestal.
Conforme explicado pelo gerente, o Sistema de Cadeira de Custódia registra as principais etapas de execução do plano de manejo florestal, fazendo, inclusive, o mapeamento georeferenciado de cada árvore e garantindo a rastreabilidade da madeira produzidas pelas concessões florestais.
Aliado a esse sistema são utilizadas outras ferramentas, como drones, imagens de satélite e uma ferramenta a laser chamada Lidar. “Por estes sistemas, a gente usa uma informação para checar e validar a outra”, explicou Chaves.
As imagens de satélites, por exemplo, são usadas para identificar a exploração seletiva e com isto garantir que o concessionário florestal execute o manejo apenas dentro da área autorizada e também identificar possíveis invasões.
“Já o Lidar é uma ferramenta a laser, com a qual a gente sobrevoa a floresta e consegue fazer um modelo da floresta em 3D e assim monitorar, por exemplo, o quanto a floresta está crescendo depois do manejo”, contou o gerente que acrescentou ainda que o Lidar também é utilizado para quantificar o dano causado pela abertura de estradas, pátios e clareiras.
Florestas Públicas e Privadas
Em seguida, foi a vez do analista ambiental Bernardo Trovão apresentar os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Cadastro Nacional de Florestas Públicas (CNPF) que, juntos, monitoram as informações referentes às florestas públicas e privadas do país.
“O Cadastro Ambiental Rural, explica Trovão, é consolidado no âmbito do Sistema de Cadastro Ambiental Rural – Sicar – que é gerido pelo Serviço Florestal Brasileiro e tem como função principal emitir o recibo de inscrições do CAR, que comprova o cadastramento do imóvel rural e concentra todas as informações dos imóveis declarados, a situação do andamento da regularização ambiental destes imóveis e, também, disponibiliza estas informações para o público e a sociedade”, explicou.
O mesmo se dá com o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, cuja consolidação é atribuição do Serviço Florestal, a partir dos dados do Cadastro de Florestas Públicas da União e de informações dos estados e municípios.
De acordo com Bernardo, o Brasil tem cerca de 309 milhões de hectares de florestas públicas, sendo que parte delas tem destinação definida (unidades de conservação, terras indígenas, etc.) e cerca de 21% ainda não tem destinação.
Pesquisa em madeira
O coordenador substituto do Laboratório de Produtos Florestais (LPF), Fernando Gouveia, apresentou os trabalhos do laboratório e falou sobre como a pesquisa desenvolvida pelo LPF, identificar e caracterizar propriedades da madeira, vai ao encontro das necessidades, da missão e da visão do Serviço Florestal.
“O Serviço Florestal objetiva aumentar a utilização dos recursos florestais e fazer com que a floresta entre na agenda estratégica do país. O laboratório entende que, se nós não conhecermos o que tem dentro da floresta, não é possível fazer isso. Uma floresta só é boa se a gente conhece as madeiras que existem nela. Essa é a missão do laboratório: traduzir em conhecimento o esforço de pesquisa para que esta madeira possa ser conhecida e, sabendo para que ela serve, se possam fazer boas indicações de uso e, então, essa floresta passa a ter um valor inestimável”, disse Gouveia.
Concessões, perspectivas e novos rumos
Completando a maratona de apresentações, a gerente de Concessões Florestais, Cristina Galvão, falou sobre as concessões e os benefícios que elas trazem tanto para os estados e municípios do entorno das áreas manejadas como, também para a população local, o que inclui geração de emprego e renda.
Também foi descrito nessa apresentação todo o processo desde a definição das áreas que podem ser concedidas, até a assinatura do contrato, monitoramento e o pagamento.
“Os recursos recebidos pelo Serviço Florestal, provenientes das concessões florestais são repassados para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, e para estados e municípios onde estão localizadas essas florestas sob o regime de concessão florestal”, explicou.
Novidade
Ainda na apresentação, Cristina destacou a perspectiva de futuro das concessões florestais da Amazônia, e uma nova proposta de concessão, voltada para as Florestas Nacionais (Flonas) do Sul e Sudeste.
Conforme detalhado pela gerente, a proposta é avançar com as concessões florestais também nas regiões Sudeste e Sul – lembrando que, até agora, a concessões se deram apenas na região Amazônica.
Pela proposta o concessionário vencedor da licitação faria a colheita de espécies exóticas, como o pinus e eucalipto, e promoveria o plantio gradativo de espécies nativas, o que contribuiria para o aumento da cobertura de espécies nativas no país. “A nossa proposta é promover a mudança da cobertura florestal ali, garantindo não só a conservação das espécies nativas, mas, também, gerando modelos e experiências sobre como podemos fazer plantios mistos e seu manejo” explicou.
A primeira licitação para concessão florestal fora da Amazônia será a da Flona de Três Barras, no estado de Santa Catarina.
Por Serviço Florestal Brasileiro
Imagem: Divulgação