Paula Vilela, executiva do setor hídrico e de saneamento da consultoria multinacional, afirma que reutilizar a água traz benefícios ambientais e econômicos para a atividade
A mineração mundial utiliza aproximadamente de 7 bilhões a 9 bilhões de m³ de água por ano, nos diversos processos para a extração de minério. Em um cenário onde a reserva mundial de água doce é de apenas 3%, o reuso da água destaca-se como uma alternativa estratégica importantíssima para as empresas de mineração, como forma de reduzir o consumo deste recurso escasso e manter a responsabilidade ambiental em suas atividades. A recomendação de reuso da água no setor foi feita durante o 8º Fórum Mundial da Água, por Paula Vilela, executiva do setor hídrico e de saneamento da Ramboll, consultoria multinacional especializada em engenharia, meio ambiente e projetos multidisciplinares, em palestra realizada no último dia 22/03.
Em sua apresentação, Paula abordou diversos pontos da utilização da água durante o processo de mineração, que inclui a lavra, o beneficiamento, o transporte e a barragem de rejeitos. “No cenário de escassez hídrica, o uso inadequado deste recurso pode levar não só à paralisação de uma mineradora, mas também a desastres ambientais, como poluição de corpos hídricos, além da alteração do regime hidrológico. A reutilização da água é uma das melhores alternativas para este setor, tanto econômica, quanto ambientalmente”, disse Paula. Ela destacou que a concorrência por recursos hídricos naturais tende a aumentar consideravelmente no curto prazo, entre diversos setores da indústria, e as mineradoras que adotarem a prática do reuso poderão alcançar vantagens competitivas.
Entre as ações que podem ser implantadas nas mineradoras, a executiva da Ramboll cita alguns exemplos como: sistemas de reuso de água pluvial, plantas de beneficiamento de minério com circuitos fechados, além de processos internos de recirculação e o reaproveitamento de águas residuais. “A dessalinização também é uma fonte alternativa de abastecimento que pode ser utilizada pelas mineradoras, porém, ainda com um custo elevado para os padrões brasileiros”, afirma Paula.
Outros pontos importantes a serem considerados para a viabilidade do reuso, incluem: avaliação da qualidade e quantidade da água a ser utilizada, reorganização de processos internos com elevado consumo de água, possibilidade de utilização de água em cascata, tratamento físico químico de efluentes de processo e definição de procedimentos para monitoramento e controle de parâmetros da água de reuso. “A Ramboll tem expertise mundial em desenvolvimento de projetos de alta complexidade para sistemas de tratamento de efluentes de mineração, bem como sistemas de reuso, podendo auxiliar as mineradoras na implantação de soluções customizadas, de acordo com as necessidades especificas de cada cliente”, diz.
Benefícios do reuso
Entre os benefícios ambientais do reuso da água, a executiva da Ramboll cita a redução do volume de lançamento de efluentes industriais em cursos d´água, bem como a redução do volume da captação de águas superficiais e subterrâneas e o aumento da disponibilidade do recurso para usos mais exigentes, como abastecimento público. Também pode render benefícios econômicos, como a mudança nos padrões de produção e consumo e a habilitação para receber incentivos e benefícios sociais, com a consequente melhoria da imagem da mineradora junto à sociedade.
Expertise da Ramboll
Durante a palestra, Paula demonstrou alguns cases de sucesso da Ramboll no mundo. Na Finlândia, a empresa identificou soluções eficazes em termos de custo para reduzir as concentrações de sulfato no efluente a níveis aceitáveis pela legislação vigente e reduzir concentrações de cálcio possibilitando maior reciclagem de água e redução de consumo de água bruta de uma mineradora. O trabalho incluiu o desenvolvimento de balanço hídrico em cada uma das áreas de produção, além de avaliação dos processos de tratamento de águas residuais atuais, identificando estratégias de mitigação de risco no curto prazo e propondo soluções de longo prazo para alcançar a qualidade requerida para o uso do efluente.
No Chile, a Ramboll desenvolveu um projeto em uma bacia de rejeitos de mineração de cobre, com remoção de metais pesados, como o molibdênio. Foram realizados diversos testes para identificar a melhor tecnologia a ser adotada e definidos processos preliminares de tratamento como parte de um estudo de tratabilidade. Já no Canadá, a Ramboll auxiliou nas operações de um sistema de remoção de arsênico de uma grande mina de ouro. “Toda a estação de tratamento foi isolada em uma edificação especial para proteger o sistema contra condições severas de inverno no norte de Ontário, uma vez que as temperaturas excessivamente baixas poderiam afetar o processo de tratamento, reduzindo sua eficiência ”, disse Paula.
Sobre a RAMBOLL
A Ramboll é uma empresa multinacional de consultoria, engenharia e design, com atividade multidisciplinar, que conta com 300 escritórios instalados em mais de 35 países em todos continentes e mais de 13.000 colaboradores, entre engenheiros, designers, cientistas e consultores, comprometidos com a criação de soluções sustentáveis e de longo prazo para os seus clientes e a sociedade. Recentemente, a Ramboll foi classificada entre as três principais empresas mundiais de consultoria em serviços ambientais, segundo pesquisa global do instituto independente de pesquisa Verdantix.
No Brasil possui escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo, Valinhos, Belo Horizonte e Salvador, com mais de 60 especialistas dedicados aos diversos segmentos da empresa. A Ramboll atua nos mercados de Petróleo & Gás, Meio Ambiente, Saúde e Segurança Água, Saneamento, Energia, Transportes e Planejamento Urbano.
Em 2017, foi eleita a melhor consultoria brasileira em Meio Ambiente e Expert de avaliação de passivo ambiental.
Caso queria conhecer mais sobre a Rambol, entre no site: www.ramboll.com
Por Fábio Aguiar
Imagem: Divulgação