Fernando Barros, Mário Salimon e Márcia Azevedo Coelho*
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Afinidades políticas, Meio Ambiente e Algoritmos redefinem o comportamento, o Comércio Internacional, o futuro. Agendas pontuais não respondem a desafios sistêmicos. A Natureza e o clima são sistemas. Exigem visão de Desenvolvimento Civilizatório e Sustentável que envolva todo o processo produtivo – pequenos, médios e grandes atores; empresas, pessoas. Planeta… Seremos “Senhores do Nosso Destino?” Teatro da guerra: a Educação e a Cultura. Arma: visão estratégica. Esperança de Paz: a conexão entre conhecimento e valores apontando uma saída para essa encruzilhada da História.
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Contudo, ainda triunfa a visão institucional de curto prazo, apoiando ações políticas fragmentadas e excludentes. Ao mesmo tempo, mais de 50% das tecnologias sustentáveis já produzidas pela Ciência Tropical brasileira jamais conseguiram chegar aos usuários finais. Democratizar conhecimentos já disponíveis é o principal agente de transformação e de organização de cadeias produtivas sustentáveis, geradoras de Renda, Emprego e qualidade de vida.
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Nada Será Como Antes…
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Países maduros dialogam com as novas realidades compondo estratégias fundadas em Ciência, mediadas pela Política, pela integração orquestrada entre o Público e o Privado. O Brasil pode dobrar a produção de alimentos sem derrubar uma única árvore, pode liderar o uso responsável da Água e das Energias Renováveis, mas disputa protagonismo setorial, ou individual, história com final conhecido: se for só Ciência, não aterrissa, não transforma; só social, não acontece, é irreal; só o negócio de alguns, a sociedade não aceita; só informação, não é Comunicação, não é diálogo, é Marketing.
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Numa leitura livre da frase famosa do antropólogo Levi Strauss, o Brasil corre sério risco de chegar à sociedade híperconectada sem ter passado pela civilização. E talvez sem que os atores dos poderes político e econômico percebam que não têm mais o controle total do timão.
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O Mundo do Comércio Convencional Não Existe Mais
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No final de setembro, em Dijon, na França, o Vice-Diretor Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Jean-Marie Paugam, exibiu as tendências-chave do comércio internacional: geopolítica, clima e sustentabilidade, regulamentação da qualidade. As trocas globais serão impactadas por duas variáveis: o meio ambiente e a afinidade -ou hostilidade – política.
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Mais incertezas no radar do Brasil, cujo desenvolvimento econômico é indissociável do desempenho do setor agroalimentar: o País mora no Ocidente, precisa da confiança dos vizinhos de CEP (o acordo Mercosul é apenas um exemplo);e, ao mesmo tempo, é chino-dependente – Beijing comprou 41,4% das exportações do Agro, em março.
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Incertezas impactam empresas, investimentos, geração de empregos. Podemos transformar crise em oportunidade? Seremos espectadores do colapso ou líderes globais do mercado agroindustrial alimentar global, que gira algo como US$13,5 trilhões por ano -ou, perto de três vezes o valor do setor fóssil?
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São muitas as complexidades e interesses, mas espaço para a convergência de propósitos existe. Situa-se no universo da Cultura, local onde o jogo é realmente jogado.
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Novos Paradigmas: Cultura, o Ambiente do Diálogo Global
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A necessidade de construirmos sociedades mais justas, equânimes e colaborativas nos tempos presente e futuros é consensual. Parece indiscutível também que a constituição de futuros implica na formação de gerações que considerem a preservação da vida em seus diversos projetos, o que remete à reflexão sobre o desenvolvimento sustentável.
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Investir em Ciência e Tecnologia é importante, mas também é crucial mudar atitudes; unir informação a modos de concepção de um mundo no qual as pessoas se sintam respeitadas em seus direitos e responsáveis pelos deveres em relação a si e ao outro.
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Hoje, tomar decisões obriga compreender contextos, os hábitos pessoais e coletivos que constituem o caldo cultural. A informação é apenas um dos elementos que levam as pessoas a agir e a se posicionar.
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Nesse sentido, a educação para o desenvolvimento sustentável (EDS) deve contribuir para o fomento dessa consciência, para estabelecer estreita relação entre conhecimento e valores. Uma sociedade inclusiva exige investir em cenários futuros; em processos formativos, informativos e tecnológicos.
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No Brasil, a promoção do conhecimento na educação básica ainda não responde às demandas da sociedade e aos anseios dos jovens. Se a Constituição prescreve que o objetivo da educação é formar plenamente a pessoa, prepará-la para o exercício da cidadania e para o trabalho, o currículo de todas as áreas do conhecimento deve, de fato, mirar o conteúdo técnico, estético e ético. Todos os campos do conhecimento precisam ser abordados por meio de valores que visem o coletivo, para que as novas gerações compreendam a função do desenvolvimento científico, a sua aplicação social.
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Os Novos Donos do Poder
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Cresce de maneira assustadora a transferência de poder para sistemas baseados em algoritmos. Os governantes de direito não percebem, mas na prática perdem o poder efetivo de controle sobre os fatos, de converter políticas públicas e privadas nas realidades que anseiam. O sistema de tomada de decisão é cada vez mais baseado em grandes massas de dados. Com isto, muitas vontades são e serão contrariadas.
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Predomina a tendência de preferirmos abrir mão da liberdade individual em favor de segurança, conforto, conveniência e simplificação. Já está acontecendo na África, onde nas grandes negociações de Telecom a China compra o direito de uso dos dados, desde o reconhecimento facial ao comportamento de consumidores. Em troca, promete melhorar a segurança, a identificação de criminosos, baixar os índices de criminalidade. Conforto e segurança em troca da liberdade é um “trade-off” muito perigoso: mitiga problemas graves e imediatos do cotidiano, mas no longo prazo inclui a concessão de poderes que nem mesmo estão situados sob o controle de Nações.
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Fragmentar a informação e ação inibe que a sociedade se perceba como coletivo. E gera o ambiente que empodera entidades sem compromisso com o bem comum e a democracia.
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*Fernando Barros é jornalista e Gerente Executivo do Instituto Fórum do Futuro
*Mário Salimon é consultor internacional especializado em gestão da estratégia e mudança organizacional.
*Márcia Azevedo é pesquisadora e colaboradora na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Membro da Cátedra de Educação Básica Alfredo Bosi do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e Coordenadora Pedagógica no Colégio Espírito Santo (SP).
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By Vervi Assessoria | Grupo Vervi
Imagem: Divulgação
Imagem Principal: Ilustrativa
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