Moção aprovada em Assembleia do FSC ® – Forest Stewardship Council® revê decisão que poderia acarretar perda de certificação e levar vulnerabilidade para áreas florestais
Após anos de discussões e negociações, nas quais o Imaflora se envolveu ativamente, o FSC® – Forest Stewardship Council® votou por uma decisão que garante a proteção imediata de mais de 500 mil hectares de floresta nativa na Amazônia, além da perspectiva de manutenção e ampliação de outros milhões de hectares. Com isso, as empresas que detêm concessões florestais terão a segurança de que poderão seguir atuando com o manejo florestal sustentável dentro do sistema FSC.
A decisão ocorreu na mais recente Assembleia do FSC Internacional. Após cinco anos sem reuniões presenciais – a assembleia do ano passado se deu de forma remota, por conta dos cuidados em relação ao novo coronavírus -, o Imaflora esteve junto com as diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) e empresas membros do FSC em Bali, na Indonésia, entre os dias 16 e 21 de outubro.
Caso a moção não fosse aprovada, milhões de hectares, impedidos de serem oficialmente manejados, poderiam ficar vulneráveis a invasões de madeireiros ilegais, garimpeiros e grileiros. “Em 2014, na Assembleia de Sevilha, foi proposta a moção de paisagens florestais intactas. Proposta pelo Greenpeace, contou com voto favorável inclusive do Imaflora. Porém, após a identificação feita por mapeamento, a consequência foi terrível”, conta Ricardo Camargo Cardoso, coordenador de certificação florestal do Imaflora.
“Grande parte da Amazônia foi identificada como paisagens florestais intactas, abrangendo quase 100% dos casos de empresas com concessões florestais, 100% das florestas bem manejadas no Brasil.” A moção dizia que as empresas poderiam agir em somente 20% da área, percentual praticamente já alcançado no segundo semestre deste ano no caso de uma parcela importante das empresas florestais. “Em 2017 já se percebia que seria um desastre. O que se conseguiu foram estudos de impacto, e percebeu-se que a possibilidade de exploração deveria ser entre 70% e 80%, e não de 20%, previstos na moção”, explica.
Ricardo reforça que a certificação promove um uso racional e econômico, que permite manter a floresta em pé. Para se ter uma ideia, entre 2019 e 2021, quase 30% do desmatamento anual aconteceu em florestas públicas não destinadas; ou seja, áreas florestais sem uso acabam sendo um prato cheio para criminosos.
Além do Brasil, as consequências da moção mais restritiva, até então em vigor, geraria impactos em outros países da Amazônia, além da Costa Rica e da bacia do Congo. Após muita discussão entre as seis câmaras que formam a governança do FSC, chegou-se a um texto de consenso para a moção 23, que permite um uso de 50% da floresta, com um limite de tempo de 2 anos para estudos que demonstrem o total que se pode manejar nas paisagens florestais intactas.
“Foi uma grande vitória para o manejo florestal sustentável, e para aqueles que acreditam que é possível conciliar a manutenção da floresta em pé com seu uso ético e racional”, acredita Ricardo.
Desde sua criação, há 27 anos, o Imaflora atua como a certificadora FSC® de maior credibilidade do mercado, tendo sido a primeira certificadora direta FSC® no Brasil, contribuindo para a construção e melhorias contínuas das diretrizes e critérios do padrão em nível mundial, impactando positivamente todos os elos da cadeia produtiva e de negócios da madeira, papel e celulose.
Sobre o Imaflora:
O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), uma organização brasileira sem fins lucrativos, nasceu em 1995 defendendo que a melhor forma de conservar florestas é dar a elas uma destinação econômica, associada ao uso responsável dos recursos naturais.
O Instituto atua no Brasil todo, promovendo ações que contribuem para a conservação dos recursos naturais e, também, para melhoria e manutenção da qualidade de vida de trabalhadores rurais e florestais, populações tradicionais, indígenas, quilombolas e agricultores familiares.
Da mesma maneira, busca fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em outros municípios, regiões ou biomas do País.
Por meio de soluções integradas e inovadoras, o Imaflora tem se revelado um agente de mudanças nos setores florestal e agropecuário, demonstrando que é possível:
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Conciliar produção com conservação.
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Combinar benefícios sociais, ambientais e econômicos.
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Reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Para saber mais sobre os projetos e as soluções empreendidas pelo Imaflora visite a página www.imaflora.org
Imagem: divulgação
By Israel Lippe Menezes Bumajny
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