Durante dois dias, o grupo debateu sobre desenvolvimento aliado à conservação da natureza em uma região que atravessa os estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo
Representantes de 24 instituições públicas, privadas e do terceiro setor se reuniram nos dias 12 e 13 de junho em Curitiba para o 1º Encontro de Lideranças da Grande Reserva Mata Atlântica. O movimento pretende fomentar o desenvolvimento de uma área de mais de 4 milhões de hectares – entre áreas de floresta e ecossistemas marinhos –, que passa pelos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
A iniciativa se baseia no conceito de “produção de natureza”, unificando os esforços de diferentes setores da sociedade em busca do desenvolvimento regional baseado no turismo de natureza. “A Grande Reserva Mata Atlântica surge para amparar o desafio de garantir a geração de renda e empregos em toda a área de sua abrangência, seguindo modelos que ocorrem em outros pontos do planeta em áreas naturais com características excepcionais, que hoje são reconhecidos como destinos turísticos internacionais”, explica Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).
Ao todo, a área da Grande Reserva abrange 2 milhões de hectares dos últimos remanescentes contínuos de Mata Atlântica e o equivalente a 2 milhões de hectares de ecossistemas marinhos, passando por 46 municípios, que compartilham desse patrimônio natural, cultural e histórico. Para o pesquisador Ignácio Jiménez, que fez parte da implementação de um projeto similar na região de Esteros del Iberá, na Argentina, “é possível aliar a economia e a preservação da Mata Atlântica por meio do turismo e da valorização da cultura das comunidades tradicionais da região”. Ele destaca que a iniciativa brasileira tem grande potencial, principalmente por causa da grande diversidade biológica e cultural encontrada nesse remanescente de Mata Atlântica. “Na mesma região, temos populações indígenas, quilombolas e caiçaras. E também espécies emblemáticas da fauna, como a onça-pintada, o mico-leão-de-cara-preta, e o papagaio-de-cara-roxa”, afirma Jiménez.
O evento aconteceu na Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM) Airumã e foi promovido pela SPVS, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Segundo Clóvis Borges, o objetivo é fortalecer o trabalho conjunto dos vários grupos que atuam na conservação da natureza nos estados que abrigam a Grande Reserva.
As ações promovidas pelo movimento podem ser acompanhadas pelo site da Grande Reserva Mata Atlântica.
Por Douglas Rodrigues | Pg1
Imagem: Divulgação