
Umuarama – O Noroeste do Paraná perde em produtividade para o Vale da Ribeira, região com o menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Estado (IDH).
A situação preocupa, pois parte das propriedades da Amerios não apresentam sua função social e econômica. Para tentar mudar esse panorama, o Instituto de Floresta do Paraná (IFP) tenta trazer a integração entre floresta, pecuária e lavoura, sendo o eucalipto a planta a ser usada.
Com solo é clima propícios para a produção de madeira de eucalipto, o presidente do IFP, Benno Henrique Weigert Doetzer, ressalta que estudos da Embrapa revelam uma potencialidade de produção de 60 metros cúbicos por hectare/ano para região do arenito Caiuá, sendo a região Sul do Estado, tradicional na cultura, não chega a 40 metros cúbicos. “Isso vai melhorar a produção de renda, pois temos uma preocupação aqui no arenito, que é a baixa geração de riqueza por hectare. Nessa região, cada hectare gera R$ 1.900 ao ano, a média de Toledo é de R$ 8 mil e no Vale da Ribeira, a região mais pobre em IDH, produz R$ 2.400”, alertou.
Com tais dados, Doetzer propôs aos prefeitos da Amerios a construção de um plano de desenvolvimento regional florestal. A proposta surge, pois além das condições climáticas e de solo, hoje o Paraná tem a madeira como terceiro produto na pauta de exportação, além da cultura ser a segunda maior receita por hectare ano no setor agropecuário, além de ser o terceiro na produção, só perdendo para a soja e frango. “Temos o consumo 51 milhões em metros cúbicos madeira por ano no Paraná e a nossa área plantada não comporta esses números, então prevemos um apagão florestal entre 5 a 10 anos, não vamos ter madeira”, explicou.
O representando do Instituto de Floresta do Paraná em Umuarama, Cláudio Marconi, disse que o primeiro passo para engrenar uma cadeia produtiva da madeira na região é formalizar as parcerias. As primeiras já foram formadas com a Universidade Estadual de Maringá (UEM), Instituto Federal do Paraná (IFPR), Amerios, Sindicato dos Moveleiros e Associação Comercial e Agrícola de Umuarama (Aciu). “Estamos fazendo as parcerias para realizar o levantamento do inventário e o mapeamento florestal, para levar essa informação as empresas interessadas pelo produto”, noticiou.
Com a construção do inventário e o plano de desenvolvimento os organismos integrantes da cadeia produtiva da madeira poderão ter o primeiro diagnóstico da floresta local e suas potencialidades. “Com essas informações poderemos traçar as ações políticas e públicas necessárias para alavancar o setor da floresta e agropecuário como um todo. Acredito que são cerca de 15 mil hectares de floresta na região, mas precisamos atualizar esse mapeamento e então diagnosticar o setor de consumo. Pois, não adianta fomentar plantio se não tem para onde vender”.
Polo moveleiro
A região de Umuarama é um importante polo moveleiro se colocando como o primeiro polo na produção de sofá do Estado. Mesmo com essa demanda, hoje as indústrias locais ainda buscam madeira do centro sul. Wanderlei Xavier Ribeiro, diretor da empresa Umaflex, conta que todas as indústrias de grande porte de Umuarama trazem a madeira de outras regiões do Paraná. Para o empresário, ter o produto vindo de Umuarama seria sinônimo de agilidade e economia. “Penso em terceirizar alguns setores da manufaturarão da madeira aqui na fábrica, se tivesse esse produto por aqui” disse.
Geração de emprego
O ciclo da madeira iniciado no plantio e manejo das lavouras desemboca na geração de empregos tanto no campo, como na cidade. Até 2013, segundo a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o estado representava 13,63% da produção de móveis e colchões brasileira, atrás apenas de São Paulo (18,8%) e Minas Gerais (13.88%). Em oito anos, a presença do setor moveleiro paranaense cresceu 37,61%, e a geração de empregos saltou de 31.402 postos de trabalho em 2006, para 43.748 em 2013, sendo o segundo estado que mais gerou renda entre o segmento no país. Só na empresa de Wanderlei Xavier são mais de 300 funcionários, além das dezenas de pequenas fábricas de móveis instaladas em Umuarama. A indústria de móveis se expandiu para diversas regiões do Paraná, onde distribuiu renda e fortaleceu a economia de pequenos municípios, como em Douradina. A 630 quilômetros da capital paranaense Curitiba e localizada na Região Metropolitana de Umuarama, Douradina possui pouco mais de 8 mil habitantes e conforme a Receita Estadual, 16 empresas de pequeno, médio e grande porte atuam no setor. Sozinha a indústria moveleira representa para a cidade 35,1% do total de arrecadação do ICMS.
Por Umuarama Ilustrado