
Levantamento sobre os recursos florestais do bioma teve início, este mês, nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia
Segundo maior bioma da América do Sul, os números do Cerrado são grandiosos. Ele ocupa uma área de mais de 200 milhões de hectares no Brasil, cerca de 24% do território nacional.
O bioma abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas sul-americanas – Amazônica/Tocantins, do São Francisco e do Prata. Além disso, sua vegetação é considerada a savana mais rica do mundo, abrigando mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas.
Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas para a produção de carne e grãos, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana, atrás apenas da Mata Atlântica. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais da região estejam ameaçadas de extinção.
Conhecer as condições das florestas existentes é fundamental para adotar políticas efetivas de recuperação e conservação dos seus recursos. A partir deste mês, o Inventário Florestal Nacional (IFN) está começando a coleta de dados em campo em quatro dos 11 estados com ocorrência do bioma: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, abrangendo uma área de 70,3 milhões de hectares (34%) de Cerrado.
O trabalho em campo envolverá cerca de 100 profissionais, como engenheiros florestais, agrônomos, biólogos, mateiros, entre outros, e deve ser concluído no início de 2018. Eles irão a campo medir as árvores, analisar sua saúde e vitalidade, coletar amostras do solo e de material botânico, entre outros aspectos.
O objetivo é conhecer não só a quantidade dos recursos florestais como também o estado de conservação e a biodiversidade das florestas. Além disso, serão realizadas entrevistas com moradores do entorno das áreas pesquisadas para levantar informações sobre sua relação com a floresta e o uso dos recursos, como a utilização dos frutos na alimentação, de abrigo para o gado ou de lenha para cozinhar.
Ao todo, serão 1.640 pontos de coleta de dados distribuídos a cada 20 km em toda a extensão do Cerrado nestes estados, com expectativa de mais de 6,5 mil pessoas entrevistadas. Com investimento de R$ 5,8 milhões, os recursos serão provenientes do Programa de Investimento Florestal (FIP, do inglês Forest Investment Program), vinculado ao Fundo de Investimentos Climáticos (CIF, do inglês Climate Investment Funds), geridos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Para realizar o levantamento em campo, 60 profissionais participaram de uma capacitação sobre a metodologia do IFN. O evento, que contou com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi realizado de 15 a 31 de maio, em Brasília.
Andamento
Ainda este ano, será realizado o levantamento em mais 92 milhões de hectares (45%) do Cerrado, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. A previsão é que o IFN em todo o bioma seja concluído em 2018.
Coordenado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o Inventário Florestal Nacional está sendo realizado em todo o país. No Cerrado, o levantamento já foi realizado no Distrito Federal (os resultados estão disponíveis no site do Serviço Florestal).
Além do DF, o trabalho já foi concluído em dez estados – Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará e Rondônia.
Nos estados de Pernambuco, Paraíba e Santa Catarina estão sendo realizadas as coletas de dados em campo. No estado catarinense já está sendo realizado o chamado segundo ciclo, ou seja, já é a segunda coleta de dados. Os estados de Roraima e Acre e também Manaus serão os próximos locais a receberem as equipes de campo do IFN.
Por Serviço Florestal Brasileiro