Inovação e pesquisa para agregar valor, e pressão para regulamentar o mercado de acordo com os bons exemplos foram os caminhos apontados para impulsionar o segmento
De um lado, o código ambiental e suas atualizações, a lei da mata atlântica, mercado de carbono, marketing verde, certificações. Do outro, inovação, biorefinaria florestal e infinitas possibilidades para agregar valor e desenvolver novos produtos a partir da biomassa residual de matéria-prima florestal em grandes, médias e pequenas empresas do setor. Quem acompanhou os seminários técnicos do primeiro dia da ExpoSul Florestal não só entendeu a relação entre os temas abordados como debateu com os especialistas maneiras de aplicar ciência e pesquisa de alto nível na busca por uma regulamentação equilibrada, condizente com a realidade e particularidades de cada bioma e região do país.
“É com base nos procedimentos de quem faz errado que as leis têm sido criadas. Precisamos inverter essa lógica. Temos que mostrar uma visão de setor diferente da do meu avô, especialmente pro consumidor final” opina o Dr. Gustavo Seleme, empresário e consultor jurídico da FIESC e um dos palestrantes do dia.
Para ele, quando falamos em silvicultura, manejo, setor florestal, afastamos o teor pejorativo que foi criado em torno do mercado madereiro, principalmente em função dos maus exemplos de exploração predatória na Amazônia. Seleme defende divulgação, marketing e propaganda massiva para que o público leigo, em especial os consumidores de produtos de base florestal que não estão inseridos na realidade do setor vejam que a grande maioria do mercado é vibrante, gera emprego, renda, busca melhoria continua nas condições de trabalho, respeita a fauna local e comunidade no entorno de seus negócios e abomina toda sorte de malfeitos que infestam os noticiários com destaque a grilagem, extração ilegal, invasões de áreas de preservação, desmatamento e queimadas.
“Faço analogia com o agro, que começou uma campanha grandiosa nesse sentido há muito tempo, e têm colhido bons resultados. Os frigoríficos, por exemplo, também avançaram muito na melhora da imagem e na busca por governança com as iniciativas de rastreabilidade como forma de garantir procedência legal da carne exportada. Precisamos, portanto, usar certificações como a FSC em favor do segmento para destacar as boas práticas e as boas empresas”.
Santa Catarina, com três entre os dez maiores portos do país, mais de dez mil empresas de tecnologia e um polo rico de inovação, é exemplo vivo e incontestável de contribuição do setor de base florestal para o desenvolvimento do estado como um todo, na economia e melhora de qualidade de vida dos cidadãos.
Em um país de dimnesões continentais como o Brasil, entretanto, não deveria ser normal tratar questões técnicas como distanciamento de beira de rio, por exemplo, com os mesmos padrões para o estado do Amazonas e do Rio Grande do Sul. “Tratar de modo igual os iguais, e diferente os outros. Áreas urbanas e rurais consolidadas precisam de tratamento e regramento distintos dos de áreas de preservação. Tratar da mesma forma é uma grande perda de produtividade e gera muita insegurança jurídica”. Haja vista imbróglios recentes e amplamente divulgados no estado, como os beach clubs em Jurerê Internacional e o edificio Grand Trianon em Blumenau. Ambos embargados, sujeitos a dedcisões judiciais contraditórias e mudanças de entendimento constantes. Um verdadeiro temor para qualquer investimento de grande porte.
“Por conta da insegurança jurídica e visões ideológicas que deveriam ser técnicas de todo um setor imprescindível pra economia, hoje acabamos sendo muito mais combativos. Deixaremos de ser, para adotar uma postura mais propositiva quando o ESG (Governança, sustentabilidade e meio ambiente) deixar de ser conceito pra virar realidade – um caminho longo mas sem volta”, afirmou.
O ESG hoje ainda engatinha no Brasil, mas quem vislumbra o mercado internacional e uma governança alinhada com os preceitos precisa perseguí-lo. Marketing verde, mudanças climáticas e mercado de carbono são a nova realidade do planeta. Um exemplos prático de modelo de política pública que já funciona hoje, com base em muita pressão e proposição do setor nas autoridades é o ICMS ecológico que já funciona em alguns estados.
As inscrições para as palestras podem ser realizadas pelo site oficial do evento:
https://feiraexposulflorestal.com.br
Serviço
ExpoSul Florestal – Feira e Exposição de Máquinas Florestais
05, 06 e 07 de dezembro
Parque de Exposições Pouso do tropeiro – Espaço Generino – Curitibanos (SC)
By Germano Assad | Assessoria feiraexposulflorestal.com.br
Imagens: divulgação
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