
A expectativa é promover um programa contínuo de aceleração de ideias, projetos e empreendimentos de impacto com o foco em apoiar a conservação da Baía da Ilha Grande.
A Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) apresentaram nesta terça-feira (19/09), em evento no Museu do Amanhã, os resultados do primeiro ciclo de monitoramento e aceleração de soluções da Iniciativa BIG 2050. A cerimônia também marcou o lançamento oficial da Iniciativa, que visa promover a conservação ambiental da Baía da Ilha Grande e garantir o desenvolvimento sustentável do ecossistema marinho e terrestre local. Baseada em um sistema de monitoramento ambiental (Radar BIG) que atua desde 2012 em uma das regiões mais belas e turísticas do país e num programa pioneiro de aceleração de ideias, projetos e empreendimentos de impacto (Desafio BIG), a Iniciativa BIG 2050 é desenvolvida desde agosto de 2016, com recursos do Global Environment Facility (GEF).
Uma das inovações da iniciativa é o estabelecimento de um programa contínuo de aceleração de soluções de impacto com foco em apoiar a conservação dos serviços ecossistêmicos da Baía da Ilha Grande, o chamado Desafio BIG. Para tanto, a iniciativa estabeleceu parceria com a Fundação CERTI, instituto de ciência, tecnologia & inovação, com experiência na implementação de modelos e mecanismos de incentivo ao empreendedorismo e sustentabilidade.
A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades, como representantes do Ministério do Meio Ambiente, da FAO Brasil e da Secretaria do Estado do Ambiente. Durante a cerimônia, o secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Jair Vieira Tannus Junior, destacou a importância da iniciativa para a proteção das Zonas Costeiras e dos Oceanos, fazendo referência aos compromissos voluntários assumidos pelo governo brasileiro para a conservação dos recursos marinhos, durante a Conferência sobre Oceanos 2017 (ONU).
Representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic acredita que os resultados da Iniciativa, além de interferirem na saúde ambiental da Ilha Grande, serão importantes para promover o debate sobre a necessidade de ações semelhantes em outras regiões. “Trata-se de um projeto que conseguiu uma articulação interessante entre empreendedorismo social, iniciativas estaduais e conservação da biodiversidade da Baía, além de promover a participação da sociedade. Esse é o grande marco desse projeto, que contribuirá para manter a riqueza da biodiversidade na Baía da Ilha Grande, promover o desenvolvimento ambiental e social da região. E esperamos que essa experiência possa se estender para outras baías do Brasil e do mundo inteiro”.
A cerimônia foi conduzida pelo Diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do Inea, Paulo Schiavo, que destacou a importância para o estabelecimento da iniciativa como uma atuação piloto no Estado. “A Iniciativa BIG 2050 é inovadora na aplicação do conceito de Gestão Integrada com Base Ecossistêmica dentro da esfera pública. Através do 1° Desafio BIG, buscamos incentivar todos a participar da conservação da Baía da Ilha Grande, engajando talentos e despertando o interesse para o desenvolvimento de soluções que ataquem problemas reais”, afirmou o diretor.
A cerimônia também marcou a apresentação dos resultados obtidos no 1° Desafio BIG, lançado em abril de 2017 com o intuito de conter a tendência de redução da biodiversidade no ecossistema marinho da Baía da Ilha Grande e aumentar a resiliência do território da Baía da Ilha Grande frente às variações na disponibilidade hídrica.
Em seu primeiro processo seletivo, a ação inédita de aceleração de ideias, projetos e negócios de impacto selecionou um total de 13 soluções criativas focadas em resolver os problemas ambientais da Baía da Ilha Grande. Os projetos contarão com apoio financeiro de até R$ 50 mil para serem executados. O edital ainda trouxe como diferencial o apoio aos selecionados com mentorias de especialistas e acesso à rede de parceiros promovidas pela Fundação CERTI.
A CERTI esteve representada pelo superintendente geral José Eduardo Fiates, que destacou o caráter pioneiro da iniciativa ao incentivar o empreendedorismo ligado à sustentabilidade em uma região tão rica em recursos naturais. “Estamos tratando de uma grande inovação na área do empreendedorismo de impacto focado em um ecossistema valioso e estratégico para o estado do Rio de Janeiro e para o Brasil de uma forma geral”
Entre as propostas escolhidas, destacam-se projetos que influenciarão a região em diversas áreas de atuação. Uma delas pretende solucionar o problema de poluição das águas pelos hidrocarbonetos, provenientes de porões de embarcações abaixo de 500 toneladas, por meio do desenvolvimento e comercialização de um equipamento para separar o óleo presente nas águas de porão das embarcações.
Uma das principais atividades econômicas da região, o turismo também será contemplado por meio de uma proposta que visa criar um negócio de valor compartilhado que promova vivências na Baía da Ilha Grande relacionadas ao ambiente marinho, estruturando e implementando um modelo de visitação que tenha como base roteiros ecoturísticos e serviços de apoio realizados dentro das normas sustentáveis e das boas práticas ambientais.
Outra atividade fundamental para a economia da região, a maricultura é abordada em projeto que tem como objetivo desenvolver um modelo de gestão socioeconômica da atividade na Baía da Ilha Grande, orientar preventivamente os maricultores quanto às práticas de manejo e levantar dados que possam subsidiar a análise de possíveis impactos ambientais negativos causados pela atividade. Além disso, o empreendimento oferecerá uma assistência técnica periódica aos produtores para estimulá-los a adotar as melhores técnicas de manejo, o controle da produção e a gestão financeira do negócio.
Como funciona
Para criar o programa, o Inea e a FAO se basearam na atuação de 4 anos do Projeto Gestão Integrada do Ecossistema da Baía da Ilha Grande, iniciado em 2012 e com horizonte de ações até o final de 2017, pensando no estabelecimento de uma iniciativa de longo prazo. A iniciativa prevê a sustentabilidade financeira de suas ações, com projeção ao ano 2050 – ano de referência para diferentes organizações mundiais em se tratando de assuntos críticos à população mundial, como aquecimento global e crescimento populacional.
A Iniciativa BIG 2050 é composta por dois pilares principais: o Radar BIG 2050 e o Desafio BIG. O Radar BIG 2050 é uma plataforma de monitoramento dos serviços ecossistêmicos da Baía da Ilha Grande que permite identificar as maiores sensibilidades na saúde ambiental da região. O Radar congrega dados de diversos parceiros de monitoramento, reunindo até o momento 148 indicadores e um grupo de especialistas de diferentes áreas de pesquisa e gestão capazes de dar credibilidade aos resultados encontrados no Radar.
Por outro lado, o Desafio BIG, é um mecanismo de incentivo focado na promoção de ações inovadoras de conservação e proteção da saúde ambiental da região. Com base no resultado do Radar BIG 2050, são definidos os alvos de atuação, que orientam as chamadas de soluções ambientais. As propostas selecionadas recebem financiamento e capacitação para atuar sobre os alvos, melhorando a saúde ambiental do território.
Para saber mais acesse: www.big2050.org
Por Tiago Pereira
Fotos: Gabriel Nascimento