
Esses ecossistemas estrategicamente cultivados tornaram-se a espinha dorsal de uma economia orientada para a bioenergia, biomateriais e bioindústrias, revolucionando a forma como encaramos a produção e consumo
Sol Andreassa
Ao servir como fonte de matérias-primas para diversas indústrias, as florestas plantadas contribuem não apenas para a geração de produtos tradicionais, como papel, celulose, madeira serrada e biomassa, mas também para um espectro crescente de inovações de alto valor agregado, tais como medicamentos, biocombustíveis e produtos químicos renováveis.
Além de alimentar inúmeras cadeias produtivas, as florestas plantadas desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas. Ao absorverem dióxido de carbono da atmosfera, esses ecossistemas desempenham um papel significativo no sequestro de carbono, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa. Sua capacidade de proteger e conservar a biodiversidade, de regular os ciclos hídricos e de prevenir a erosão do solo reforça ainda mais sua importância na manutenção de ecossistemas saudáveis e na preservação do meio ambiente.
O potencial das florestas plantadas na bioeconomia é vasto e diversificado, proporcionando uma transição para uma economia mais verde e sustentável. A combinação de inovação tecnológica, práticas de manejo sustentáveis e a capacidade de fornecer soluções ambientais e econômicas delineia um futuro promissor, no qual esses ecossistemas desempenham um papel crucial no avanço de uma economia mais consciente e equilibrada com o meio ambiente.
O Brasil está entre os dez países com uma das maiores extensões de florestas plantadas, ocupando o sétimo lugar no ranking mundial. Segundo o Estudo Setorial 2022 da Apre, as regiões Sudeste e Sul tem as maiores áreas de florestas plantadas no Brasil, com 7.023.247,39 hectares, sendo 3.879.349,41 hectares no Sudeste e 3.143897,98 hectares no Sul.
A região Sul concentra a maior parte dos plantios de pinus no Brasil, e o Paraná é protagonista neste gênero. Vale ressaltar que segundo dados da Canopy (2022), o estado alcançou o terceiro lugar do país em área plantada com 1.177.596,34 hectares, sendo 713.769,48 hectares plantados de pinus, e 449.722,05 de eucalipto.
O estado do Paraná foi responsável por 37,3 milhões de m³ de madeira em tora de pinus e eucalipto no ano de 2021, o que representa 25,4% da produção nacional, e mais de 55% do volume de madeira de pinus produzido no Brasil. Abaixo, podemos acompanhar a evolução de participação dos produtos oriundos da madeira de florestas plantadas no Brasil, com destaque para o Paraná.
SERRADO DE PINUS
Com um acréscimo de 3,8% em relação a 2020, a participação paranaense foi de 514,4 mil toneladas de serrados de pinus, o que representa 34,5% do volume total exportado pelo Brasil. Logo, o Paraná permanece na segunda posição entre os principais exportadores deste manufaturado.
COMPENSADO DE PINUS
O aumento no volume de exportação de compensados de pinus também impactou os resultados no Paraná, que registrou um crescimento de 3,5% no volume exportado e de 87,1% em valor durante 2021. O estado ainda mantém a liderança nas exportações nacionais desse produto, sendo responsável por mais da metade do volume exportado, representando 65,9%. No mesmo período, os três principais destinos foram os Estados Unidos, Reino Unido e México.
PAINÉIS RECONSTRUÍDOS DE MADEIRA
Os Estados Unidos, México e Peru foram os três principais destinos das exportações de painéis reconstituídos de madeira do país em 2021. A produção geral atingiu 8,2 milhões de metros cúbicos, representando um aumento de 15,5% em relação ao ano anterior. O Paraná, em particular, registrou um aumento significativo na receita das exportações desses painéis, com um crescimento expressivo de 79%. Além disso, houve um notável crescimento de 22,6% no volume exportado em comparação a 2020. Dessa forma, o Paraná continua na liderança em termos de volume exportado de painéis reconstituídos, contribuindo com uma participação de 33,6% em 2021.
PORTAS DE MADEIRA
Após uma queda entre os anos de 2016 e 2019, a produção de portas de madeira voltou a crescer em 2021: foram 7,6 milhões de unidades produzidas. Um dado interessante é que nesse mesmo ano, 51,9 toneladas de portas de madeira foram exportadas, atingindo um valor de US$ 113,8 milhões. Quando comparada a participação dos principais estados exportadores do Brasil deste produto em termos de valor, temos: Rio Grande do Sul com 0,1%, São Paulo com 0,2%, Santa Catarina com 73,7% e o Paraná com 25,9%. No compilado, as portas produzidas no Paraná representam 28% do volume, e 26% do valor exportado pelo país, onde os principais destinos das exportações das portas paranaenses são: Estados Unidos com 93,45%, Canadá com 1,67%, Holanda com 1,39%, França com 0,94% e Reino Unido 0,92%.
MOLDURAS
A produção de molduras do Brasil em 2021 foi de 980 mil metros cúbicos, evidenciando estabilidade ao longo dos últimos anos, no entanto, as exportações ultrapassaram 179,3 milhões de toneladas, com um valor de US$394 milhões no mesmo ano, o que revela um significativo aumento de 50,7% do valor exportado em relação a 2020. Destacam-se como principais destinos das exportações de molduras do Paraná, os Estados Unidos com 97,42%, Canadá com 2,39% Reino Unido com 0,08% e por fim, Bonaire Saint Eutatius e Saba com seus respectivos 0,02%.
MÓVEIS DE MADEIRA
No Brasil, as exportações de móveis de madeira cresceram com base nos anos de 2020-2021. Foram 42,7% em volume e 48,7% em valor, sendo o estado do Paraná, responsável por 22,8% do volume exportado do país, tendo embarcado 65,5%a mais em 2021 quando comparado ao ano anterior. Quando comparado a outros estados, o Paraná fica entre os primeiros novamente com 16,6% de participação, enquanto o Rio Grande do Sul entrega 29,4%, Santa Catarina 43,7%, São Paulo apenas 7,7%, Minas Gerais com 1,6% e o Espírito Santo com 0,3%. Entre os cinco principais destinos das exportações de móveis do estado estão o Chile com 22,53%, Estados Unidos com 16,39%, Peru com 8,90%, Paraguai com 4,91% e Países Baixos (Holanda) com 4,28%.
CELULOSE
No que diz respeito à celulose, o estado contribuiu com 6,4% das exportações brasileiras, superando a marca de um milhão de toneladas em 2021. Esse volume representou 9% da receita total gerada pelas exportações de celulose do país. Os principais destinos das exportações de celulose do Paraná (2021) foram China com 33,28%, Itália com 15,40%, Holanda 10,70%, Emirados Árabes Unidos 8,75% e Estados Unidos com 5,02%.
PAPEL
Quanto à produção de papel, em 2021 a fabricação se manteve estável no patamar de 2,3 milhões toneladas, e a participação total nacional foi de 21,5%. As estatísticas das exportações de papel no Paraná seguiram a tendência nacional, com uma diminuição no volume exportado, mas um aumento na receita. No mesmo ano, o Paraná representou 27,1% das exportações nacionais desse produto, contribuindo com 31% da receita e mantendo-se na segunda posição entre os estados brasileiros.
Os principais destinos das exportações de papel brasileiro em 2021 foram Argentina (US$395,9 milhões), Estados Unidos (US$ 181,6 milhões) e Chile (US$147,4 milhões). Observa-se que a Argentina também é a principal parceira comercial de papel do estado, com 136,1 milhões do volume embarcado no período.
BIOMASSA FLORESTAL
Tanto no Brasil quanto no Paraná, observou-se um aumento na produção de lenha em 2021. A produção nacional atingiu 51,5 milhões de metros cúbicos, representando um aumento de 2,3%. No Paraná, a produção foi de 13,6 milhões de metros cúbicos, correspondendo a um crescimento de 8,4%. O estado do Paraná está classificado como o quarto maior exportador, contribuindo com 3,7% do valor FOB. No mesmo período, o valor das exportações no Brasil ultrapassou US$ 201 milhões, sendo a China o principal destino, respondendo por 37,87%, seguido por Portugal com 17,02%.
EMPRESAS & EMPREGOS
Quando falamos de empresas e suas vocações, observamos nos dados revelados pelo ministério do trabalho que em 2020, o Brasil possuía pouco mais de 40 mil empresas ativas no setor de florestas plantadas, ou seja, uma queda de 2% em relação a 2019, e o estado do Paraná contava no mesmo período com 5.680 empresas no segmento florestal. No setor florestal brasileiro, o segmento moveleiro permanece com o maior número de empresas, chegando a 41,6% do total, seguido por fabricação de produtos de madeira (16,8%) e produção de florestas plantadas (16,2%), as empresas de papel alcançaram somente 10%, carvão vegetal 2,7% e celulose apenas 0,1%. No comparativo, o Paraná obteve participação de 42,1% de indústrias de móveis, silvicultura e colheita correspondem a 18,5%, papel com 7,5%, carvão vegetal 1% e celulose 0,2%.
É necessário também registrar que em 2020, as empresas paranaenses de celulose apresentaram a maior participação no segmento do país com 25,5%. As de produção florestal (15,9%), e de industrialização de madeira (14,8%) também tiveram destaque em seus segmentos em nível nacional.
No ano 2020, o Brasil apresentou pouco mais de 608 mil empregos no setor de florestas plantadas. O Segmento moveleiro permanece como o que mais empregou, com 28,8%, seguido por celulose e papel com 25,7% e pela indústria madeireira 15,8%. No tangente aos empregos do setor, em maior parte estão nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa e Campos Gerais, além de Sengés, Telêmaco Borba, Guarapuava e General Carneiro.
A IMPORTÂNCIA
As florestas plantadas desempenham um papel fundamental na preservação e restauração do meio ambiente, agindo como sumidouros de carbono e contribuindo significativamente para a redução dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Além disso, esses ecossistemas arborizados promovem a conservação da biodiversidade, oferecem habitat para diversas espécies de fauna e flora, auxiliam na regulação do clima, previnem a erosão do solo e desempenham um papel essencial na manutenção dos recursos hídricos. Ao mesmo tempo, as florestas plantadas fornecem matérias-primas sustentáveis para indústrias, ajudando a reduzir a pressão sobre florestas naturais, e contribuem para o desenvolvimento de práticas econômicas e ambientalmente equilibradas, onde faz-se a importância do reconhecimento das florestas plantadas como protagonistas vitais na era da bioeconomia.
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Texto: Sol Andreassa
Imagem: Sol Andreassa com exclusividade para Madeira Total
Dados: Estudo Setorial Apre – 2022
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