Apesar da ampla biodiversidade da Amazônia, cerca de 50% do volume de produção da indústria madeireira regional está baseada no uso de 2% das espécies florestais disponíveis ao mercado nos dias atuais.
As espécies mais exploradas possuem características ecológicas que dificultam a manutenção dos estoques comerciais no futuro, o que pode comprometer a viabilidade econômica das florestas de produção no longo prazo. Neste sentido, aumentar a diversidade de espécies comerciais extraídas das florestas de produção é uma das principais medidas para aumentar a sustentabilidade do setor florestal.
Se olharmos para o histórico, o Brasil, desde sua fundação, faz extração indiscriminada de espécies arbóreas até quase serem extintas. A árvore que dá nome ao país é um dos melhores exemplos disso. Ou seja, é só o mercado enxergar potencial no produto e ter grandes ganhos financeiros para a extração da espécie acontecer até a exaustão.
O uso da madeira de origem legal e responsável é uma das estratégias para o enfrentamento da crise climática, segundo demonstrado pela última edição do relatório do IPCC, publicada em abril. O material proporciona uma menor pegada ecológica, energética e de carbono em comparação a outros insumos consumidos na construção civil brasileira, como o alumínio, aço e concreto.
No entanto, para que a madeira cumpra seu papel como material construtivo sustentável no longo prazo, é fundamental o aumento da diversificação das espécies exploradas das florestas de produção da Amazônia, de modo a evitar a exaustão das principais madeiras comercializadas nos dias atuais. Trazendo uma solução a esse desafio do setor, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) organiza, de maneira inédita, uma lista de espécies menos comercializadas com potencialidade para o mercado levando em consideração critérios, como abundância e não vulnerabilidade dessas madeiras.
A nona edição do Boletim Timberflow busca dar destaque a um rol de espécies alternativas, hoje pouco comercializadas, mas com grande potencial. “Um dos principais dilemas do setor é que não valorizamos a grande diversidade de espécies existentes. Cerca de 50% da exploração se concentra em um pouco mais de uma dezena de espécies, o que é uma contradição”, afirma Marco Lentini, coordenador de projetos do Imaflora e um dos co-autores do estudo. O material joga luz à valorização da biodiversidade de espécies com potencial madeireiro, que, de acordo com Lentini, é essencial para o alcance da sustentabilidade do manejo florestal.
Jataipeba, Cedrinho e Axixá, nomes que fazem parte da lista de 30 espécies alternativas do Timberflow, não são madeiras completamente desconhecidas pelo mercado. A compreensão das propriedades e das características destas madeiras é um dos quatro critérios adotados pelo boletim para a compilação de espécies promissoras. O estudo ainda leva em consideração dois fatores importantes para a listagem, as características visuais e a densidade básica da madeira. “Levamos isso em consideração até por uma questão de atratividade para o mercado consumidor. Existem nichos de mercado, por exemplo, que preferem uma madeira mais clara, outros, mais escura”, diz a consultora da iniciativa de legalidade florestal do Imaflora, Maryane Andrade.
Cada madeira tem atributos próprios e precisa ser considerada de forma específica, mas isso não significa que as espécies sejam insubstituíveis. O estudo traz uma equivalência entre as 30 madeiras promissoras e as que já são mais comercializadas e mostra que é possível fazer substituições. Isso já tem acontecido em alguns casos. Na Guatemala, a Jataibepa, espécie mais densa da lista, é, muitas vezes, usada em substituição ao Ipê, de maior sensibilidade ecológica. No Brasil, ela é explorada em seis estados da Amazônia, sobretudo para a produção de dormentes, mas ainda está na 79° posição das espécies mais manejadas na lista organizada pelo Timberflow 8.
Sabendo disso, o desafio agora é equilibrar oferta e demanda destas madeiras no mercado, pois os consumidores não encontram essas espécies disponíveis no mercado e os manejadores não encontram um mercado aquecido para vendê-las. “É necessária a conscientização do mercado consumidor sobre o papel da madeira gerada responsavelmente para a conservação florestal, provendo informação suficiente para embasar melhores tomadas de decisão sobre a qualidade dos produtos a serem adquiridos, a sustentabilidade e o seu papel no desenvolvimento florestal da Amazônia”, afirma Maryane Andrade.
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Sobre o Imaflora
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país.
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By Érika Ferreira Oliveira
Imagem: divulgação
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