Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) vê a Economia Circular atrelada à bioeconomia como oportunidade para a criação de valor agregado para diversos produtos
De maneira geral, a Economia Circular pode ser definida como um conjunto de atividades econômicas que permite que produtos e insumos sejam reutilizados ao máximo, aproveitando-os da maneira mais eficiente possível, a fim de recuperar e regenerar os materiais em todo o seu ciclo de vida, resultando em desenvolvimento econômicos e benefícios para a sociedade e para o meio ambiente.
O conceito de Economia Circular visa um novo relacionamento com os recursos naturais e a sua utilização pela sociedade, mesmo que, na realidade, os 100% de reaproveitamento de toda a energia sejam inviáveis de serem conquistados, uma vez que há perdas de energia ao longo de todo o processo.
Nesse contexto, a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) traz à tona a discussão sobre o tema e mostra como podemos inserir valor agregado a novas matérias-primas brasileiras e aproveitar os resíduos, de forma a beneficiar o meio ambiente e incentivar o crescimento econômico da sociedade.
A adoção da economia circular trará impactos positivos ao Brasil, tendo em vista que segundo o World Business Council for Sustainable Development, a economia circular representará em 2030 uma oportunidade de 7,7 trilhões de dólares no mundo.
Sendo também uma oportunidade para modernizar e tornar as indústrias mais circulares: recursos biológicos são, se administrados de forma sustentável, renováveis por natureza e frequentemente mais fáceis de remanufaturar. A adoção deste modelo de negócio pode ser importante em vários setores como: produtos químicos, têxteis, plásticos ou da construção.
A economia circular vem sendo adotada pela indústria como um novo modelo de negócio, ganhando espaço também na política e na sociedade. Podendo ser aplicada, por exemplo, na transformação da madeira em nanocelulose: partes extremamente pequenas de matéria vegetal, cinco vezes mais resistentes que o aço, mas também cinco vezes mais leves, encontrados no eucalipto. O primeiro carro feito de nanocelulose foi lançado no Japão no ano passado. Uma nova geração de têxteis sustentáveis e circulares à base de madeira com uma pegada de carbono cinco vezes menor do que as fibras plásticas como o poliéster também é possível. A nanocelulose, com sua alta performance e versatilidade, é uma aliança entre nanotecnologia, biotecnologia e matéria-prima renovável, podendo ser aplicada em vários setores da indústria, como papel, têxtil, construção civil, alimentícia, biomédica, farmacêutica, cosméticos, automotiva, aeroespacial, eletrônica, entre outras.
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Um outro exemplo que ilustra bem o processo produtivo com potencial de transição do modelo de economia linear para o modelo de economia circular está relacionado às usinas de cana-de-açúcar. A planta se transforma em produtos como o açúcar e o etanol (conhecido como álcool combustível), mas também pode gerar subprodutos importantes para a economia mundial, se aliada à bioinovação.
Do processo de extração do açúcar e do etanol sobra a vinhaça (subproduto) que, por meio da aplicação de tecnologias inovadoras utilizando enzimas e/ou microrganismos (bioinovação), pode resultar em diversos outros produtos com valor agregado, como é caso do biogás e dos fertilizantes.
No contexto das usinas dentro do modelo de economia circular, o Brasil possui um potencial enorme para o aproveitamento e geração de subprodutos a partir da cana-de-açúcar – um insumo abundante em território nacional.
Para se ter uma ideia, a cada litro de etanol produzido no país são gerados 13 litros de vinhaça que, se reciclada, pode ser convertida em metano e produzir uma quantidade gigantesca de energia, a partir do que é considerado detrito para muitas das usinas brasileiras. Estima-se que o Brasil desperdice o correspondente a uma Usina de Itaipu inteira, só de energia que não é aproveitada com a reutilização deste resíduo.
Apesar do atual cenário de descarte de energia, algumas empresas já estão inseridas no modelo de economia circular e usam este material para gerar biogás por meio da vinhaça,
O melhor aproveitamento de recursos naturais impacta também na melhor distribuição de renda. Com a reutilização dos recursos naturais ao máximo é possível aumentar a geração de empregos, colaborando assim com sociedade.
Presidente executivo da ABBI, Thiago Falda, vê na economia circular um dos principais pilares para que o Brasil se consolide como um líder na área de bioinovação. Segundo ele, as vantagens para a substituição do modelo de produção linear para o modelo de produção circular, apenas no exemplo das usinas, são inúmeras, considerando ainda que o mundo caminha para um processo de descarbonização, que é imperativo e urgente, e precisa fazer a transição do uso de fonte de energia fóssil para fonte de energia renovável.
Sobre as vantagens para o país investir neste modelo e reativar as cerca de 140 usinas de etanol paradas, Falda lista: novas fontes para investimento; otimização do uso de matérias-primas com menos desperdício; aumento na geração de empregos; crescimento econômico; conscientização da população, que vai consumir com mais cautela e consciência ambiental; além da redução de custos, com processos mais lucrativos e oportunidade para novos negócios.
“Com a bioeconomia é possível obter novas opções de produção de energia, que, de forma distribuída, podem tornar o Brasil uma potência. A ABBI acredita que a sociedade precisa fortalecer este conceito de economia circular para trazer ainda mais oportunidades para todos,” explica Thiago.
A ABBI, comprometida com o desenvolvimento da bioeconomia brasileira, estimula a Economia Circular, participando ativamente da disseminação desse novo modelo econômico, ao acreditar na economia verde e fomentar a discussão sobre o tema para proporcionar um benefício coletivo.
Sobre a ABBI
A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) é uma organização civil, sem fins lucrativos, apartidária, e de abrangência nacional que acredita no Brasil como potencial líder da bioeconomia avançada global. Representamos empresas e instituições de diversos setores da economia que investem em tecnologias inovadoras, baseadas em recursos biológicos e renováveis para criar produtos, processos ou modelos de negócios gerando benefícios sociais e ambientais coletivos. Trabalhamos para promover um ambiente institucional favorável à bioinovação, que permita converter nossas vantagens comparativas em vantagens competitivas, impulsionando o desenvolvimento econômico sustentável da bioeconomia avançada no Brasil.
Por Nathalie Campoy
Imagem: Divulgação
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