
Com definição de norma técnica para sistema construtivo wood frame, expectativa é contribuir para redução do déficit habitacional
Com potencial para suprir parte do déficit habitacional brasileiro – que chega a 6 milhões de unidades segundo dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) – o sistema construtivo wood frame, que utiliza painéis e perfis de madeira, promete ser uma alavanca para a indústria brasileira de madeira ampliar os negócios em território nacional.
A principal ação na qual os setores da madeira e da construção estão envolvidos passa pelo desenvolvimento da norma técnica do wood frame. Desde o ano passado, com a instalação da Comissão de Estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o trabalho tem avançado. Na última reunião, realizada em abril, os participantes aprovaram o escopo da norma, que pretende contemplar edificações de até dois pavimentos.
Na avaliação das entidades envolvidas nessa discussão, a norma está diretamente relacionada com a qualidade de processos, representando benefícios para fabricantes, construtores e os clientes. “Além de estabelecer parâmetros técnicos, a norma permitirá avanços em questões relacionadas à viabilidade da utilização do sistema construtivo, como os financiamentos imobiliários. Com isso, haverá mais recursos para a implantação de projetos, resultando também em garantias para as empresas e para os clientes e consequente aumento do consumo de madeira no mercado nacional”, avalia o superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) e secretário da Comissão de Estudos, Paulo Pupo.
Segundado dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), a média de consumo mundial de madeira para a construção civil é de 0,17 m³/habitante ano, contra 0,11 no Brasil. Nos Estados Unidos, principal destinos dos produtos madeireiros brasileiros, esse número chega a 0,57. Além disso, diferente de outros países que têm sistemas construtivos que empregam a madeira como elemento estrutural, por aqui a madeira tem mais destaque em telhados (42%) e formas para a construção convencional (28%).
Em uma projeção feita pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), se fossem construídas 2 milhões de moradias em wood frame de 40 m², para atender famílias que ganham até R$ 1,6 mil (faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida), o consumo total de madeira seria de 14 milhões de m³.
“Precisamos entender e capitalizar o momento, para consolidar esse método construtivo eficiente e inovador. Mas, para isso, será necessário que os fabricantes de madeira se preparem para atender as exigências técnicas do mercado. Há uma chance real de aumentarmos o consumo per capita de madeira no mercado interno”, avalia o superintende da Abimci.
Por Juliane Ferreira
Foto: Madeira Total