Semanas atrás, foi lançado na sede da ACR, Associação Catarinense de Empresas Florestais, mais uma edição do Anuário Estatístico de Base Florestal para o Estado de Santa Catarina 2019 (ano base 2018).O trabalho elaborado pela STCP Engenharia, expôs uma realidade que muitos já sabem, qual seja o crescimento constante da indústria madeireira catarinense, em que pese os altos e baixos do mercado de madeira em geral, provocado pelas conjunturas nacionais e internacionais. Ele confirma em números e gráficos o que se percebe conversando com empresários locais e dá ao assunto respaldo estatístico gráfico.
Destacamos alguns tópicos ali encontrados para adiante comentarmos:
- Houve crescimento da demanda de madeira de 2016 para 2017 e leve crescimento entre 2017 e 2018, depois de longo período de estagnação.
- O estoque de madeira estimado em SC é de 240,5 milhões de m³, dos quais 76% representados pelo gênero Pinus e 24% por eucalipto.
- Desde 2015 as exportações de compensado de Pinus vêm crescendo, passando de US$ 100 milhões em 2015 para mais de US$ 200 milhões em 2018.
- As exportações dos painéis reconstituídos de madeira deram um salto de 50 mil m³ em 2013 para 400 mil m³ em 2018.
Apenas para citar alguns itens da cesta de produtos florestais que tiveram crescimento a despeito dos percalços conhecidos.
O outro lado dessa medalha, são os preços da madeira em pé, que insistem em ficarem estagnados causando um fenômeno que será de difícil reversão, qual seja a rejeição ao investimento em florestas. Andando pelo Estado, percebe-se a insatisfação geral dos pequenos e médios investidores, que ao conseguirem negociar seus maciços florestais, imediatamente os transformam em lavoura ou pecuária. O aumento da demanda de madeira, conforme pontuado acima, não puxou nem um pouco o preço da madeira em pé. Uma grande esperança reside no aumento ainda maior do consumo de madeira, com a instalação prevista de nova fábrica de MDF e a ampliação de indústria de celulose.
O resultado é que o nível de reflorestamento é menor do que a demanda e previsões de “buraco” no abastecimento alimentam as discussões de especialistas, uns prevendo 5 anos e outros, menos otimistas, 3 anos. Essas previsões, são influenciadas, obviamente, pela conjuntura mundial. Há muito tempo previa-se falta de madeira reflorestada para as indústrias não verticalizadas com o reflorestamento. Isto acabou não acontecendo em função da crise imobiliária norte americana de 2008 e a entrada no mercado de madeira russa da Sibéria, o que freiou bruscamente a exportação brasileira, enquanto a indústria nacional também sentia os reflexos da crise americana, somada com a crise doméstica. Apenas as indústrias de papel e celulose e placas de madeira seguem com seus programas de reflorestamento, pois sabem do risco de depender de terceiros nesse assunto.
É verdade que preço de madeira é uma função de mercado e este se baseia na lei da oferta e procura, para a qual não existe emenda parlamentar. Porém há que se chamar atenção dos empresários do setor que deveriam olhar a conjuntura geral para que a tendência de crescimento da indústria madeireira do Estado de Santa Catarina, a terceiro no setor, não sofra solução de continuidade por uma falta de visão momentânea. Esta afirmação vale para os demais Estados do Sul.
O fato relevante é que os empresários catarinenses vem dando exemplo de que o Estado de Santa Catarina caminha para ser destaque no cenário nacional no assunto madeira de reflorestamento, ainda que o Governo Estadual pouco faça para ajudar e o custo Brasil para exportar.
Manoel Francisco Moreira é Engenheiro Florestal e Consultor.
Por Redação Madeira Total