O diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal e presidente do Conselho Consultivo do Fundo Comum de Commodities da ONU, Wilson Andrade, vai participar de uma troca de experiências sobre madeira para fins comerciais, sobre o setor florestal e oportunidades de investimentos estrangeiros no “Encontro Agroflorestal” que aconteceu no Salão de Móveis de Marco (CE), dia 30 de agosto, às 15h. O evento foi realizado na Fazenda Aroeira, do Grupo Jacaúna.
“O município de Marco se tornou o maior polo moveleiro do Nordeste, sendo distribuidora de móveis para vários estados brasileiros. Queremos conhecer esta positiva experiência sob o ponto de vista do uso da madeira plantada neste polo, além de ver como estão os investimentos florestais no Ceará. Também vamos trocar experiências sobre o uso múltiplo da madeira plantada, uma das iniciativas da ABAF na Bahia”, informou Andrade que vai mostrar o potencial do setor florestal na Bahia, seja do ponto de vista econômico, social ou ambiental (os dados completos estão reunidos no relatório Bahia Florestal que a ABAF acaba de lançar e está disponível no site: http://www.abaf.org.br/sintese-do-setor-florestal-na-bahia/).
Além do setor florestal, no encontro serão discutidas as opções de investimentos e recursos estrangeiros. “A Bahia e o Brasil precisam se internacionalizar mais e este esforço tem que ser conjunto entre o Governo e a iniciativa privada. E não apenas pela possibilidade de financiamento do Fundo, mas pelas oportunidades com outras fontes da ONU e de países-membros. Podemos levar a possíveis interessados as demandas do nosso agronegócio – o setor que mais ajuda o Brasil a crescer”, completa Andrade.
Os demais palestrantes são: Eduardo Neves (presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará); Fábio Teixeira (economista especialista em captação de recursos internacionais, transferência de tecnologia e de processos de inovação); Mendes Júnior (empresário, sócio da Sacada Comunicação e diretor da Associação Comercial da Bahia) e Diva Correia (pesquisadora da Embrapa, com ênfase em Propagação de Plantas e Biotecnologia Vegetal).
Florestas plantadas – A Bahia possui 657 mil hectares de plantações florestais, com expressiva presença de plantios de eucalipto (94% do total), o que coloca a Bahia em 4º lugar no ranking nacional de cultivo com a espécie. No total, porém, entre estas áreas de produção e de remanescentes nativos, a Bahia possui 744 mil hectares de florestas certificadas de forma voluntária pelas empresas através do sistema FSC e/ou CERFLOR. Estima-se que entre 500 mil hectares com ecossistemas florestais nativos no estado são destinados à proteção e preservação ambiental. Em resumo, o setor tem 0,7 hectare preservado para cada hectare de produção, acima do exigido pelo Código Florestal.
“O setor mantém um crescimento anual na ordem de 5%. Isso também se dá porque o setor de base florestal tem alavancagem de diversos outros segmentos que demandam madeira nos seus processos produtivos, a exemplo da construção civil, da indústria de papel e celulose, a metalúrgica, energia de biomassa, a secagem de grãos do agronegócio, madeira e móveis, entre outros. Isso faz com que, mesmo com a redução de economia nacional (e do estado), em 2015 e 2016, o setor de base florestal continuou crescendo em referência a empregos, exportações e investimentos. Além disso, o setor investe em quatro regiões distintas da Bahia e isso contribui para a desconcentração da atividade econômica no estado (Sul, Sudoeste, Litoral Norte e Oeste)”, informa.
Andrade vai apresentar a crescente demanda de produtos por madeira no mundo e que vai determinar o aumento dos plantios florestais. Este, inclusive, é um dos objetivos do Plano Nacional de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que prevê o aumento em 2 milhões de hectares a área de cultivos comerciais em áreas antropizadas, dentre elas pastagens e áreas sem vocação agrícola, mas boas para florestas.
“Se bem planejados e implantados, esses 2 milhões de hectares podem ainda prover outros serviços ecossistêmicos interessantes, com conservação de solos e água. Tudo isso de acordo com as diretrizes de sustentabilidade que o setor florestal já trabalha. Devemos ainda considerar o compromisso brasileiro, nos acordos mundiais de combate às mudanças climáticas, de plantio ou replantio de 12 milhões de hectares de florestas e mais 5 milhões de hectares no modelo Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF). Para isso, estamos dialogando com a iniciativa privada, agentes governamentais e sociedade civil para que não percamos essa oportunidade”, acrescenta.
Agenda – A visita de Andrade, porém iniciou-se às 9h do dia 30/08 com uma visita ao Projeto de Reflorestamento da Jacaúna. Às 13h o grupo visita o Parque Fabril da Ruah Indústria e depois segue para o Salão de Móveis. No dia seguinte (31/08), está agendada uma reunião com Diretoria da Jacaúna e uma visita ao Pólo Pecém Multimodal. Trata-se de um empreendimento com mais de 20 milhões de m² localizado no corredor logístico da região do Porto do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante (CE). Idealizado para abrigar empresas nacionais e internacionais de diversos setores e portes, o pólo foi projetado dentro dos mais modernos critérios de infraestrutura, tecnologia e sustentabilidade.
A ABAF representa as empresas de base florestal do estado e seus fornecedores. Essa pluralidade dá à associação a possibilidade de planejar e agir com respaldo nos mais variados âmbitos e em horizontes largos. A indústria de base florestal usa a madeira plantada como matéria-prima para diversos produtos. A madeira utilizada é matéria-prima renovável, reciclável e amigável ao meio ambiente. Associados: Aiba, Aspex, Assosil, Bracell, Caravelas Florestas, ERB, Ferbasa, Floryl, JSL, Komatsu, Ponsse, Proden, Sineflor, Suzano, Veracel e 2Tree.
O CFC – Instituição financeira intergovernamental autônoma estabelecida no âmbito da ONU e tem 104 Estados-membros, dentre estes o Brasil. Sua visão e missão incluem: contribuir para o crescimento social e econômico, o desenvolvimento sustentável, o acesso aos alimentos e a integração dos países em desenvolvimento com os mercados internacionais e regionais através da adição de valor sustentável a commodities e cadeias de valor relacionadas, sempre de forma convergente aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU. O CFC seleciona, aprova e apoia cerca de 12 projetos por ano com um compromisso indicativo de US$ 10 milhões nas modalidades de participação acionária, empréstimos e até recursos não reembolsáveis. Cada projeto recebe de US$ 300 mil a US$ 1.5 milhão, com até 7 anos de prazo de execução. São propositores elegíveis: instituições públicas e privadas, instituições de desenvolvimento bilaterais e multilaterais, cooperativas, organizações de produtores, pequenas e médias empresas, empresas de transformação e comercial e instituições financeiras.
Wilson Andrade – Empresário e economista com experiência nas áreas de fusões e aquisições empresariais, relações internacionais e comércio exterior, indústria e agronegócio, Andrade tem presidido várias entidades setoriais no Brasil e exterior. Desde 2011 tem se dedicado também ao setor florestal, na diretoria da ABAF, a qual participa de mais de 40 diferentes fóruns estaduais e nacionais, onde ocorre troca de informações e experiências que contribuem para a formulação de políticas públicas e privadas para o desenvolvimento sustentável das atividades florestais. Outras atividades: presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, cônsul honorário da Finlândia na Bahia e Sergipe, presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Naturais da Bahia (Sindifibras), presidente da International Natural Fibres Organization (INFO-Amsterdam), presidente da Comissão de Comércio Exterior da Associação Comercial da Bahia (Comex-ACB), sócio diretor da Canabrava Agroindustrial, presidente do Comitê Consultivo do Fundo Comum de Commodities da ONU.
Por Yara Vasku_Abaf
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