O programa conta com o apoio do Inventário Florestal Nacional, com mais de 4,6 mil amostras coletadas pelo IFN já no acervo digital
Reunir exemplares da flora brasileira em uma plataforma para que as pessoas possam consultar de qualquer lugar do mundo. Esse é o objetivo do Herbário Virtual Reflora, iniciativa coordenada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro em parceria com o CNPq.
Inicialmente, o programa buscou repatriar digitalmente amostras coletadas nos séculos 18 a 20, por missões estrangeiras. O trabalho teve início pelos acervos do Royal Botanic Gardens de Kew, da Inglaterra, e do Muséum National d’Histoire Naturelle de Paris, da França, que possuem as maiores coleções de amostras botânicas brasileiras.
Disponível online desde 2013, o Reflora reúne atualmente imagens e dados de 3,4 milhões de amostras de plantas, digitalizadas a partir de 10 herbários no exterior e 61 no Brasil.
O Serviço Florestal Brasileiro, por meio do Inventário Florestal Nacional (IFN), tem contribuído para o sucesso desta iniciativa, já que cerca de 4,6 mil plantas coletadas pelo IFN já foram incorporadas ao acervo digital do Reflora. Indiretamente, o IFN também tem apoiado esta iniciativa, com a aquisição de equipamentos, a digitalização de amostras e a contratação de taxonomistas e técnicos para os herbários parceiros.
“O Reflora também contribui significativamente para a difusão dos dados coletados em campo pelas equipes do IFN na área botânica”, ressalta o diretor de Pesquisa e Informações Florestais, Joberto Freitas.
Para avaliar o impacto do Herbário Virtual em pesquisas e ações relacionadas à conservação da biodiversidade brasileira, um grupo de pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, do Jardim Botânico de Kew e da Universidade Federal de Pelotas realizou um estudo, publicado na revista Conservation Biology, na semana passada.
Com o título Enhancement of conservation knowledge through increased access to botanical information (Aprimoramento do conhecimento em conservação através do aumento do acesso à informação botânica), o artigo revela que o objetivo do HV Reflora tem sido alcançado no que se refere às pesquisas, contribuindo para um incremento significativo do conhecimento para a conservação.
Mas o estudo aponta também que existe uma lacuna entre os usos efetivos da ferramenta e suas citações em publicações científicas. Daí a necessidade de criar métricas capazes de aferir o real impacto desse tipo de acervo, de forma a garantir sua sustentabilidade em longo prazo.
“O HV Reflora se tornou uma ferramenta de uso tão comum e difundido em nossa área que, às vezes, os usuários se esquecem de citá-lo. Não estão habituados a isso, diferentemente do que acontece com os herbários físicos, livros e artigos científicos”, observa Rafaela Campostrini Forzza, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, coordenadora do HV Reflora e uma das autoras do estudo.
Essa lacuna é ainda maior quando se considera que o Reflora não é utilizado apenas para pesquisa, mas tem aplicações práticas. “Se um profissional fazendo um EIA-RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) em algum lugar do Brasil utiliza a ferramenta para auxiliar na identificação das plantas, ainda não temos como aferir esse uso”, exemplifica a pesquisadora. O estudo baseou-se em uma revisão da literatura científica em que o Reflora é citado e em um questionário online direcionado aos usuários da plataforma.
Com informações do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Por Serviço Florestal Brasileiro
Imagem: Andre Dib