“Difundir prosperidade, formando líderes e amando pessoas” é o propósito de vida do engenheiro civil Carlos Manuel Carvalho Lopes. Mestre em Construções Civis formado pela Universidade do Porto, no Norte de Portugal, onde nasceu, o sócio e diretor de Obras da Construtora Daxo, de Joinville (SC), elegeu o Brasil para estudar, viver e trabalhar há quase dez anos. Pouco antes, seu país atravessava uma crise que atingiria, principalmente, o mercado de construção civil, o que o levou a procurar outros horizontes profissionais. Graduou-se em Joinville, retornando a Portugal apenas para concluir seu mestrado e providenciar a documentação que garantiria sua atuação no Brasil. Nesta entrevista, o engenheiro fala sobre suas origens profissionais, convivendo desde jovem com o ramo de construção civil, na empresa do pai, sobre gestão de pessoas e sobre as perspectivas para a construção civil no país.
Como o sr. avalia as perspectivas atuais no mercado de construção civil?
Minha visão é muito otimista. O país é enorme, rico, e sabemos que existe um enorme déficit habitacional. A construção civil tem muito espaço para crescer. Falando especificamente de construção de edifícios, estamos em um momento único, com taxas de juro baixas, a taxa Selic mais baixa da história, de maneira que a compra de imóveis voltou a ser um dos melhores investimentos. Ao mesmo tempo, a qualidade das construções vem melhorando, especialmente após a publicação da chamada Norma de Desempenho, em 2013, mas existe muito caminho a percorrer quando falamos de durabilidade, desempenho e conforto das habitações. São, vale dizer, alguns quesitos que fazem parte de todos os projetos, aqui na Daxo.
Qual a origem de seu interesse profissional pela engenharia?
“Nasci” na obra, minha família é ligada à construção civil na sua essência. Meu avô trabalhava como pedreiro, numa época em que ser pedreiro era a arte de trabalhar com pedra. Meu pai constrói em Portugal, e foi dele que herdei o gosto pela construção civil. Também foi dele que trouxe a veia empreendedora. Ainda criança, adorava ver as gruas trabalhando, e uma imagem que nunca esqueço é de um dia em que o meu pai me explicou como funcionavam os comandos. Minha irmã seguiu na mesma linha e se formou arquiteta. Comecei a ajudar na obra muito cedo, durante o período de férias escolares. Quando entrei na faculdade para estudar Engenharia Civil, sabia exatamente o que eu queria: construir e desenvolver pessoas para construir o melhor possível.
O que o sr. aprendeu com este contato, desde jovem, com as obras?
Na construtora de meu pai, pude conhecer a visão operacional da construção, desde o servente ao mestre de obras. Ajudou-me a entender o dia a dia de uma obra, e principalmente encontrar a minha paixão pelo desenvolvimento de pessoas, que na maioria das vezes precisam de um bom direcionamento. Além dessa experiência, trabalhei como chefe de equipe de uma empresa de Relações Públicas e Organização de Eventos, que me proporcionou um aprendizado no atendimento às pessoas.
De que modo a experiência na Europa contribuiu para sua formação profissional, do ponto de vista técnico?
As construções no Brasil são recentes, o estudo de patologias de construções é mais recente se comparado a estudos europeus. Sempre digo para a equipe: se já se errou tanto na Europa em construções mais antigas, não precisamos cometer os mesmos erros aqui. Revestimentos de fachada que, com o passar dos anos, dão problema, como a pastilha cerâmica, fundações e estruturas sem as impermeabilizações e aditivos necessários que diminuem a vida útil das construções, são alguns desses aprendizados. No que diz respeito à térmica e à acústica, as normas europeias são muito exigentes e o desempenho é exigido pelo cliente. Na minha formação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, temas como patologias e desempenho termoacústico eram amplamente discutidos. Contrariamente ao que se pensa, esses cuidados com o desempenho não se devem ao fato de nos países europeus fazer mais frio que no Brasil, mas sim pelas amplas dilatações térmicas, tanto para o frio quanto para o calor. Em Joinville, por exemplo, dilatações térmicas são enormes e muitas vezes no mesmo dia.
Como o sr. conceitua liderança?
Para mim, liderança é uma doação constante. É permitir que pessoas se desenvolvam e sejam muito melhores que nós. Liderança é exemplo, constância, é estar firme quando o barco balança… Liderança dói, mas vale a pena. Trabalhando com pessoas, pude entender que a técnica, por si só, não é suficiente. Na construção civil, por exemplo, todos os dias dependemos de pessoas, nos mais diversos perfis – desde o arquiteto renomado até o servente de obra que não teve oportunidade de uma boa educação. Quem dá o último toque no apartamento para entregar ao cliente normalmente é um funcionário com menos formação, e ele pode valorizar o trabalho feito até então; sua participação no processo é das mais relevantes. Assim, é fundamental que todos os profissionais estejam alinhados ao propósito da empresa, só assim o resultado é perfeito, impecável. E só assim conseguimos apaixonar as pessoas pelos nossos imóveis.
Por Marcela, da Mercado de Comunicação
Imagem: Divulgação
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