Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente defende ações coordenadas do setor
De olho no aumento do consumo interno da madeira e na melhoria da produtividade, o setor industrial madeireiro precisa estar atento a questões estruturantes e à necessidade de uma maior coalização entre os atores do setor. Esses foram alguns dos desafios apresentados pelo superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Paulo Pupo, aos participantes do 18º Seminário de Colheita e Transporte de Madeira e 4º Encontro Brasileiro de Silvicultura, para aumentar o consumo interno per capita de madeira e melhorar a produtividade da cadeia de base florestal do país. Os eventos foram realizados nos dias 9 e 10 de abril, em Ribeirão Preto (SP).
Na avaliação da entidade, a expectativa do setor produtivo é de que haja uma retomada do crescimento interno, melhoria do ambiente de negócios, prosseguimento das reformas estruturantes do país, novos financiamentos e investimentos para a produção e renovação tecnológica. “Ainda enfrentamos uma baixa competitividade comercial por conta do fator politico, da falta de acordos comerciais e entraves burocráticos, logística portuária mais cara do mundo e baixo nível de investimentos e de crédito”, afirma.
Para a Abimci, a retomada já começou com sinais visíveis da construção civil anunciando números mais positivos. “Nosso setor se descolou do governo, um mérito nosso. E esse descolamento tende a aumentar”, afirma Pupo.
Uma das saídas apontadas pela associação para aumentar o consumo per capita está justamente no segmento da construção civil. Para tanto, uma das atuações tem sido no intuito de consolidar o sistema construtivo wood frame para gerar escala. “Temos um enorme potencial construtivo e uma crescente demanda por moradias. Sistemas industrializados com madeira permitem ganho em escala e velocidade, sendo uma opção viável para programas sociais do governo”, explica.
O trabalho em relação à consolidação do wood frame passa pela organização do mercado, com nivelamento de informações através da realização de eventos, desenvolvimento da norma técnica e de programas de certificações, reconhecimento pelos órgãos oficias (ABNT, Inmetro).
“As ações para desenvolvimento da norma técnica estão avançadas e, em breve, teremos novidades para o mercado”, afirma.
Mercado externo
Enquanto o setor produtivo acompanha o reaquecimento da economia interna, a indústria de madeira reafirma seu DNA exportador. Dados da Associação mostram o crescimento contínuo nos últimos anos das vendas de uma série de produtos, principalmente, os de origem de floresta plantada.
Entretanto, os números revelam uma diminuição da participação do Brasil quanto aos produtos de madeira tropical, influenciada por questões ambientais, e revelam ainda um alto grau de dependência da indústria de madeira do Brasil do mercado norte-americano. Segmentos como o de molduras, por exemplo, exportam 95% da produção para os Estados Unidos. “Não estamos em rota de colisão com os norte-americanos. Tivemos uma renovação do SGP e alguns produtos serão beneficiados com isenção ou redução das taxas, mas precisamos estar atentos às mudanças do comércio mundial”, avalia.
Entre os fatores-chave de crescimento e consolidação do setor de madeira que precisam estar no radar das empresas e de toda a cadeia estão a atual situação de preços e de consumo no mundo, atualmente estável no mundo; a melhoria da imagem do Brasil e do ambiente de negócios, ressaltando que 69% das florestas são certificadas no Brasil. Além disso, há um momento favorável para as exportações com uma constância no consumo de chapas e madeira serrada por parte dos Estados Unidos, que avanço na política para geração de emprego e renda somada à queda nos juros. Em contrapartida, o superintendente alerta: “é preciso monitorar o avanço na China”.
Assessoria de Imprensa Abimci / Juliane Ferreira
Imagem: divulgação