*Carlos Peres
Mesmo em meio a tantas turbulências políticas, a economia do Brasil dá sinais de que pode retomar o crescimento. Em junho, o país criou 124 mil empregos com carteira assinada, aumento de 3% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho. Houve um crescimento em relação a maio, quando foram criadas 72 mil vagas.
O fôlego existe, mas ainda é fraco. No acumulado do primeiro semestre, o país criou 826 mil postos de trabalho, o pior desempenho desde 2009, quando vivíamos uma ressaca da crise financeira mundial.
Mesmo assim, o setor empresarial sinaliza que quer continuar contratando. A 21ª Pesquisa Global com CEOs da PwC, realizada com 1,3 mil líderes em 85 países, mostrou que 35% dos CEOs brasileiros entrevistados têm planos de aumentar o quadro de funcionários das suas companhias até o fim deste ano.
Quando o assunto é recuperação econômica, os líderes brasileiros se destacaram no estudo como os mais otimistas do mundo: 80% acreditam na melhora da economia global em 2018. Para os próximos três anos, 54% preveem aumento das receitas das suas empresas.
Dados os primeiros sinais de crescimento, agora é momento para reflexões sobre qual direção seguir. Um caminho que ajudará as companhias a se destacarem é a redução dos custos. A pesquisa mostrou que 83% dos executivos apostam nessa estratégia para promover o crescimento dos negócios. Repensar os gastos e otimizar recursos, aliás, é uma lição que muitos empresários brasileiros fizeram durante os últimos anos de crise. Além dessa tarefa, o futuro pede ações estratégicas, como governança corporativa, automatização de processos, uso inteligente da base de dados e emprego de inteligência artificial (AI).
Outros pontos levantados pela pesquisa que devem promover o crescimento dos negócios no Brasil são o interesse do setor empresarial em fazer novas alianças estratégicas (65%) e fusões e aquisições (46%). No cenário internacional, os três países que, na opinião dos CEOs, serão mais estratégicos para os negócios das empresas brasileiras são Estados Unidos, China e Argentina, respectivamente.
Há sinais de otimismo, mas aspectos menos positivos continuam a ser grande fonte de preocupação, e estão no radar de ameaças ao crescimento dos negócios. Dos executivos brasileiros, 91% citam a falta de infraestrutura, 78% o excesso de regulação e 76% o aumento da carga tributária. Ao lado dessas questões de cunho governamental, aparecem também como obstáculos para o crescimento as mudanças nos hábitos de consumo (67%), a velocidade das mudanças tecnológicas (72%) e as ameaças cibernéticas (59%).
Ao que tudo indica, estamos diante de novos e velhos desafios, mas com sinais de boas perspectivas, como já sinaliza a retomada dos postos de trabalho. Empresas brasileiras com visão de futuro e acompanhamento atento da sua realidade e das realidades que as cercam certamente conseguirão superar cenários adversos e obter bons resultados.
*Carlos Peres é sócio da PwC Brasil
Por Lívia Pulchério
Imagem: Daniel Derevecki